AutoIndústria
Duas fábricas fechadas no curto prazo, corte de 20 mil postos de trabalho em uma década, fim de linha de produtos e prioridade para segmentos que devem crescer nos próximos anos. Essas são quatro das principais medidas do programa estrutural Transformação 2019-2029 da Continental, definidas ontem, quarta-feira (25) em reunião do conselho de administração da empresa na Alemanha.
O plano, que envolve ainda remanejamento de produção entre fábricas, objetiva garantir lucros em, afirma a sistemista alemã, um cenário de prevista estagnação ou queda da produção de veículos nos principais mercados, aumento da demanda por eletrificação e forte transformação da indústria, com digitalização de processos.
Em comunicado, a Continental admite que, para isso, deve desembolsar € 1,1 bilhão até 2029. A maior parte nos próximos três anos, de forma que os custos anuais globais recuem € 500 milhões já a partir de 2023. A empresa, porém, antecipa que não descartará medidas adicionais se o programa atual não atingir o impacto desejado.
As demissões previstas representam quase 8% do atual quadro de 244 mil trabalhadores que a sistemista tem em 60 países – perto de 7 mil na Alemanha, país que concentra 62 mil funcionários. Perto de 15 mil vagas serão eliminadas até o fim de 2023, um terço delas não país sede.
“Vemos a turbulência tecnológica em nossos setores como uma grande oportunidade de crescimento. Com o nosso programa estrutural, também estamos respondendo proativamente à crise na indústria automotiva e emergiremos mais fortes”.
O conselho decidiu encerrar o negócio de componentes hidráulicos, responsável por injetores e bombas para motores a gasolina e diesel. A medida impactará as atividades em várias plantas e países.
Em Roding, Alemanha, onde estão 540 funcionários, a produção de bombas de alta pressão terminará em 2024 e 320 funcionários não serão aproveitados. Na unidade de Limbach-Oberfrohna, Alemanha, desaparecerão 860 vagas, das mais de 1,2 mil atuais. Em Pisa, Itália, a produção de injetores para gasolina será interrompida entre 2023 e 2028 e 500 vagas devem desaparecer.
Nos Estados Unidos serão eliminadas 740 vagas com o fechamento, em 2024, da fábrica de Newport News, Virgínia, que produz componentes hidráulicos para motores a gasolina. Sem novos projetos e contratos, o país também perderá a planta de freios hidráulicos em Henderson, Carolina do Norte, onde trabalham 650 pessoas.
As operações que produzem peças para tratamento de gases de escape e sistemas de suprimento de combustível estão sendo reavaliadas e a planta de pneus para caminhões da Malásia, onde trabalham 270 pessoas, encerra suas atividades até o fim deste ano.
Segundo a Continental, os cortes de empregos têm como premissas baixos volumes dos negócios, o fechamento de unidades e até a venda de partes de operações em alguns segmentos.
Mas a empresa pondera que muitos funcionários poderão migrar para novas atividades ou para as que crescerão dentro do grupo, como a mobilidade elétrica.
“O portfólio baseado em software será expandido. Um grande número de empregos será criado nesse setor e nas principais áreas de crescimento nos próximos anos”, afirmou no comunicado.
“Vemos a turbulência tecnológica em nossos setores como uma grande oportunidade de crescimento. Com o nosso programa estrutural, também estamos respondendo proativamente à crise na indústria automotiva e emergiremos mais fortes”, disse Elmar Degenhart, CEO da Continental. (AutoIndústria)