Brasil e Paraguai negociam regime automotivo comum

O Globo

 

Após fechar acordos com o Uruguai e a Argentina, o Brasil começou a negociar com o Paraguai a criação de um regime automotivo comum. O interesse do governo paraguaio – que propôs um tratado comercial nesse setor – é o aumento das vendas de autopeças para o mercado brasileiro, hoje tributadas em 26% pela Receita Federal.

 

O desenho de um futuro acordo automotivo entre Brasil e Paraguai foi um dos temas discutidos, nesta segunda-feira, em reunião entre o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e o chanceler paraguaio, Antonio Rivas Palacios. O assunto voltará a ser tratado amanhã, em uma conversa entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e a ministra de Indústria e Comércio do país vizinho, Liz Cramer.

 

A aplicação do imposto de 26% pela Receita tem como justificativa o fato de o Paraguai não fazer parte dos regimes automotivos em vigor no Mercosul. Segundo fontes envolvidas no assunto, a negociação, que está apenas no começo, será bastante complexa.  Além de não haver indústrias automobilísticas naquele país, de 1000 automóveis importados pelos paraguaios, 700 são usados.

 

Outra questão são as chamadas “maquilas” – empresas que, literalmente, montam os automóveis com peças importadas. Uma exigência do Brasil é que o carro, ou mesmo a autopeça, tenha parte considerável de insumos produzidos na região, para que seja considerado procedente do Mercosul. Caso contrário, é tributado em 35%.

 

De janeiro a agosto deste ano, o Brasil exportou US$ 70 milhões em automóveis para o Paraguai. No mesmo período, importou dos vizinhos US$ 160 milhões em fios, cabos e condutores elétricos para veículos. (O Globo/Eliane Oliveira)