AutoIndústria
O Grupo CAOA produzirá um automóvel de uma nova marca no Brasil. A empresa comandada pelo empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade já produz modelos Hyundai e Chery em Anápolis (GO) e Jacareí (SP). Os novos veículo e marca serão conhecidos em cerca de 45 dias, prazo em que também deverá estar concluída a compra pela montadora brasileira da fábrica de São Bernardo do Campo (SP) da Ford, onde o novo produto será fabricado.
As duas empresas anunciaram oficialmente as negociações no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. A conclusão depende de análises finais dos dois grupos, que não revelaram os valores envolvidos.
O empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade, de qualquer forma, assegurou que a transação não envolverá recursos do BNDES, mas apenas capital próprio do grupo, conhecido ainda como o maior revendedor Ford e pela representação da marca Subaru no País.
O executivo não descarta, porém, se valer do IncentivAuto, programa estadual de fomento da indústria automotiva que concede descontos de ICMS para novos projetos no Estado.
A partir de investimento mínimo de R$ 1 bilhão e criação de 400 postos de trabalho, empresas podem ter abatimentos no imposto que começam em 2,7% e chegam a 25% para aportes acima de R$ 10 bilhões.
O programa foi enfatizado por João Dória, governador do Estado, na solenidade que reuniu ainda Lyle Watters, presidente da Ford na América do Sul, e de Orlando Morando, prefeito de São Bernardo do Campo.
O Grupo CAOA confirmou que, inicialmente, seguirá produzindo apenas, sob licença, os caminhões já conhecidos da Ford na unidade do ABC, que até meados do primeiro semestre fabricava também o hatch Fiesta.
O prefeito de São Bernardo do Campo, porém, deixou escapar que a Ford negociou a marca Cargo definitivamente com o grupo brasileiro e que o futuro carro a ser montado na unidade será “de uma nova marca que está vindo para o Brasil”.
Segundo Morando, o próprio encaminhamento das tratativas finais para a compra do complexo de cerca de 1,2 milhão de metros quadrados ao lado da Rodovia Anchieta envolverá a futura marca produzida pelo Grupo CAOA no ABC.
Quando anunciou o fechamento da planta paulista, no início do ano, a Ford contava com cerca de 2,7 mil funcionários. Hoje aproximadamente 600 trabalhadores ainda produzem os caminhões da marca na unidade.
Andrade até admite que poderá ampliar o quadro de funcionários a partir do início de produção do novo automóvel. Mas ponderou: “Nosso objetivo inicial é tornar essa fábrica produtiva e lucrativa”.
Presente ao evento no Palácio dos Bandeirantes, Wagner Santana, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, diz que a CAOA iniciará sua operação com pelo menos 750 funcionários. Ele reforça, contudo, que os salários serão menores na nova empresa.
“A base salarial para profissionais mais qualificados representará uns 70% do que tínhamos na Ford. Já para os trabalhadores da linha de produção será em torno de 80%”, disse Santana, que não escondeu que esperava que o evento fosse para o anúncio da conclusão da compra e não apenas a confirmação pública da negociação.
Ao final do encontro, o prefeito de São Bernardo do Campo recebeu a informação de que há possibilidade de que os funcionários das áreas administrativas da Ford poderão seguir nas instalações da nova montadora.
Morando revelou ainda que conversará com a Mercedes-Benz e Volkswagen sobre eventual preferência de contratação de ex-funcionários da Ford nas unidades da região. (AutoIndústria/George Guimarães)