Correio Popular
O lançamento do edital para o transporte coletivo, esta semana, levou a BYD a iniciar os estudos sobre os investimentos, as contratações e capacitações que terá que fazer na fábrica de Campinas para atender a futura demanda de ônibus elétricos. A cidade, segundo o diretor institucional e de relações governamentais da empresa, Marcelo Schneider, terá a maior frota não poluente na América Latina, superando a liderança que pertence hoje a Santiago, no Chile, onde 300 elétricos estão em circulação. Campinas terá 339, de acordo com o edital.
A empresa chinesa é a única fábrica de elétricos instalada no Brasil, mas existem outros players no mercado mundial, além de grandes montadoras de ônibus não elétricos no País que podem entrar na disputa para fornecer a frota movida a energia limpa.
De acordo com o diretor, a empresa já começa a se preparar para negociar a vendas dos elétricos com os concessionários que vencerem a licitação. Se não houver embargos ao processo ou recursos, a previsão é que sejam conhecidos os vencedores da licitação do transporte urbano de Campinas em 16 de outubro.
De acordo com Schneider, a fábrica de Campinas tem capacidade para a produção local dos ônibus, mas precisará ampliar a linha de montagem para atender à frota de articulados que é exigida no edital. “Com a crescente demanda por elétricos em Campinas, São Paulo, Salvador, São José dos Campos, vamos precisar de expansão da fábrica para atender”, disse.
Já circulam no transporte coletivo da cidade 13 ônibus elétricos operados pelas empresas Itajaí e Padova. A frota com energia limpa que entrará em circulação vai atender os corredores do BRT e a região central, chamada de Área Branca, onde só poderão circular elétricos não poluentes. Estarão distribuídos em 23 linhas, em sua maioria diametral, percorrendo diariamente mais de 46,5 mil quilômetros, evitando a queima de aproximadamente 23,3 mil litros de combustíveis fósseis e a liberação de 62 toneladas de gases de efeito estufa (em CO2 equivalentes).
Custos
Estudos realizados pela Prefeitura indicam que os custos de operação, especialmente os relacionados ao consumo de combustível, são mais favoráveis nessa modalidade do que na do veículo que utiliza combustível de origem fóssil.
Além do custo operacional mais favorável, espera-se que o investimento nos veículos que utilizam tração elétrica tenha uma vida útil maior do que seu similar à diesel. No caso específico dos veículos do tipo Padron, a vida útil considerada nos estudos é de 15 anos para o veículo elétrico contra 10 anos do similar a diesel.
Com isso, dado o prazo de vigência da concessão, definido em 15 anos, não haveria necessidade de um reinvestimento em frota, nos segmentos dos veículos de tipo Padron e Articulado na modalidade “elétrica”.
O estudo de rede indicou a alocação de 339 veículos do tipo elétrico, o que significa que aproximadamente um de cada dois veículos da frota patrimonial da concessão, no total de 771 veículos, utilizará esse tipo de combustível. Essa decisão colocará Campinas na vanguarda da vinculação da política de transporte com a política ambiental, seja pela redução da emissão de poluentes, seja pela redução do nível de ruídos produzidos pela frota de veículos do transporte público. (Correio Popular/Maria Teresa Costa)