Hatches médios próximos da extinção?

AutoIndústria

 

O tombo sem paraquedas dos hatches médios no mercado brasileiro resultou em apenas 5 mil veículos vendidos no primeiro semestre de 2019. Mais da metade, 2,7 mil unidades, apenas do Chevrolet Cruze, líder de um segmento que vem encolhendo há pelo menos cinco anos.

 

Enquanto o mercado interno de automóveis superou 1 milhão de unidades nos primeiros seis meses do ano, os emplacamentos de hatches médios caíram cerca de 30% na comparação com o mesmo período do ano passado e hoje equivalem a menos de 0,5% das vendas totais. Uma década atrás essa participação era dezoito vezes maior: 9% dos emplacamentos.

 

Mas nem é preciso recuar tanto no tempo para confirmar o quadro crítico desses modelos que foram alvo de desejo de boa parcela dos consumidores, em especial nos anos 90. Em 2014, quando a onda de utilitários esportivos apenas começava a ganhar corpo, os seis hatches médios negociados então somaram 49,7 mil veículos no primeiro semestre, dez vez mais do que em 2019, e representaram perto de 4% dos emplacamentos.

 

Na época, a Fenabrave relacionava seis modelos na categoria, exatamente a mesma frota de agora, com a ausência mais sentida do Fiat Punto, fora de linha há dois anos, e que liderou o segmento com mais de 27 mil dos 90 mil hatches médios negociados naquele ano.

 

Mas três veículos que estavam entre os líderes de venda em 2014 iniciaram 2019 ainda nas lojas: o próprio Cruze, o Volkswagen Golf e o Ford Focus. O último já entrou para a galeria dos aposentados. Importado sempre da Argentina, o Focus deixou de ser fabricado no primeiro semestre e não terá substituto.

 

O modelo da Volkswagen ainda resiste na linha de montagem brasileira, mas, quase certo, por muito pouco tempo. Afinal, a montadora parou de produzir as versões com motor 1.0 e 1.4, responsáveis pela maioria das vendas, e só oferece agora o esportivo GTI, com preço próximo de R$ 150 mil.

 

Tudo indica, portanto, que dificilmente o segmento repetirá, no segundo semestre, o já raquítico desempenho dos primeiros seis meses do ano. De janeiro a junho o Golf foi o segundo mais vendido, com 979 unidades, seguido pelo próprio Focus, com 459 emplacamentos. Atrás deles ficaram o Mercedes-Benz Classe A (336 unidades), Volvo V40 (241) e Audi A3 (126).

 

Um pequeno alento deve vir do líder Cruze. Até setembro as revendas da Chevrolet devem receber o modelo argentino com novo desenho. Novidades sempre geram maior fluxo nas lojas e algumas vendas adicionais. Mas, ainda assim, parecerá mais o canto do cisne dos hatches médios, o  samba de uma nota só. (AutoIndústria/George Guimarães)