Reuters
A Ford divulgou o lucro trimestral abaixo do esperado, pressionada por custos de reestruturação de unidades na Europa e na América do Sul, incluindo no Brasil, onde abandonou a produção de caminhões e fechou fábrica em São Bernardo do Campo (SP).
A montadora norte-americana ainda apresentou previsão de lucro para o ano aquém das previsões de analistas.
Praticamente todo o lucro antes de impostos da Ford no segundo trimestre veio da América do Norte, seu mercado mais lucrativo, onde caminhonetes geram margens elevadas de lucro para a montadora de Michigan e suas rivais de Detroit: General Motors e Fiat Chrysler.
A Ford também registrou um pequeno lucro na Europa e uma perda muito menor na China em relação ao segundo trimestre de 2018, já que melhores preços e novos modelos de luxo ajudaram a compensar um desempenho fraco naquele mercado.
As vendas da Ford na China caíram 21,7% no trimestre, após uma queda de 35,8% no trimestre anterior.
Em abril, a Ford anunciou que planeja lançar mais de 30 novos modelos nos próximos três anos para reformular sua linha de veículos na China.
A reestruturação da Ford inclui redução de custos e revisão de sua linha de produtos nos principais mercados globais, como China e Europa. A montadora informou que até agora registrou apenas 2,2 bilhões dos 11 bilhões de dólares em encargos previstos para reestruturação global.
Em junho, a Ford disse que cortará 12 mil empregos, fechará cinco fábricas e cortaria turnos em outras fábricas na Europa até o fim de 2020, num esforço para voltar à lucratividade.
Em maio, a empresa disse que eliminaria cerca de 10% de sua força de trabalho assalariada global, cortando cerca de 7.000 empregos até o final de agosto.
No começo do mês, Ford e Volkswagen disseram que gastarão bilhões de dólares para desenvolver conjuntamente veículos elétricos e autônomos, aprofundando uma aliança global para reduzir os custos de desenvolvimento e fabricação. O tamanho e o momento da recompensa dessa aliança permanecem desconhecidos.
A Ford não havia feito uma previsão de lucro para este ano. A companhia disse na quarta-feira que espera lucro por ação no ano de entre 1,20 e 1,35 dólar por ação. Analistas previam 1,39 dólar por papel, segundo o IBES da Refinitiv.
Falando a repórteres, o diretor financeiro da Ford, Tim Stone, disse que a empresa agora espera um lucro ajustado antes de impostos para 2019 de até 7,5 bilhões de dólares, ante 7 bilhões em 2018.
Para o primeiro semestre, a Ford teve lucro antes de impostos de 4,1 bilhões de dólares, o que significa que na melhor das hipóteses a montadora terá lucro antes de impostos de 3,4 bilhões na segunda metade do ano.
A segunda maior montadora de veículos dos Estados Unidos teve lucro líquido de 148 milhões de dólares no segundo trimestre, ou 0,04 dólar por ação, abaixo do 1,1 bilhão, ou 0,27 dólar por ação, um ano antes.
Excluindo efeitos extraordinários, a empresa lucrou 0,28 dólar por ação. Analistas previam lucro de 0,31 dólar por papel.
A receita ficou estável em 38,9 bilhões de dólares, acima dos 35,07 bilhões previstos pelos analistas. (Reuters/Nick Carey e Ben Klayman)