Segmento automotivo em alta

O Estado de S. Paulo

 

Depois de visitar uma feira de franquias em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, Ian Kimura começou decidiu iniciar um negócio com a franquia Acquazero, que presta serviços de limpeza e reparos a automóveis com práticas ecologicamente sustentáveis.

 

No começo, realizava serviços de limpeza na casa do cliente. Hoje, já é dono de quatro pontos da franquia. Um deles fica localizado em um prédio na Marginal Pinheiros.

 

“Do enorme número de carros que temos nas ruas, é preciso uma quantidade muito pequena para fazer com que dê certo”, comenta.

 

Kimura é franqueado de um segmento que tem crescido. Os serviços automotivos, com o aumento das vendas da indústria automobilística em 11,4% – de acordo com a Fenabrave – em relação ao mesmo trimestre do ano passado, teve o segundo melhor desempenho no setor de franquias, com 12,7% de crescimento no faturamento no primeiro trimestre quando observado o mesmo período do ano passado. Os serviços, como um todo, cresceram 9,6%.

 

Locadora

 

Para isso, Kimura tem uma explicação. Segundo ele, cada vez mais pessoas se preocupam em consumir serviços que tenham preocupação com o meio ambiente. “O aspecto ecológico também ajuda bastante”, ele conta. Como o negócio cresceu, o empresário agora se concentra na parte administrativa.

 

Mas, os aprendizados de quando dava os primeiros passos são, agora, orientações para os seus funcionários. “Eu tentava atender do jeito que eu gostava de ser atendido”, explica. Além disso, Kimura ressalta que é necessário praticar a empatia com o cliente. “Às vezes o cara quer conversar sobre o carro dele e você tem que ter tempo para isso”.

 

O consultor do Sebrae de São Paulo, Leandro Perez afirma que, para dar certo, uma franquia de serviços precisa contar com a boa vontade do dono nos dois lados: atendimento e gestão. “É trabalhar com pessoas. Vale desde a escola de inglês, exemplo clássico de franquia, até uma seguradora”, comenta o especialista.

 

Ele conta que não é uma boa ideia pensar que os lucros virão no modo automático. É preciso boa vontade na hora de prover os serviços e também no atendimento. Nas palavras de Perez, comprar uma franquia não tira o dever de fazer o necessário para o negócio acontecer.

 

Um conselho de Kimura vale para qualquer negócio, mas quem pensa em fidelizar os clientes não pode esquecer. “Não gosto de iludir ou de mentir. Sempre gostei da relação de confiança”.

 

Outros serviços

 

Entre os demais setores que registraram bons números estão os de Comunicação, Informática e Eletrônicos; Serviços e Outros Negócios, com aumento de 9,7% e 9,6% em seu faturamento, respectivamente.

 

“Existem duas razões para que os serviços tenham crescido em grandes centros urbanos: o aspecto de segurança e a dificuldade no trânsito. E a tendência é o setor de serviços aumentar o delivery de maneira geral”, analisa Marcus Rizzo, consultor e proprietário da Rizzo Franchise.

 

A importância de uma boa gestão

 

Diego Dalia e o sócio Bernardo Saboia são donos de seis unidades da Arranjos Express, franquia de serviços de alfaiataria, em São Paulo. A primeira unidade, adquirida em 2017, já funcionava antes e precisou de mudanças. “Havia uma visão tradicional na relação com os funcionários”, conta Dalia. Reorganizaram as rotinas de trabalho e as relações com os clientes.

 

Esse é um exemplo de que as franquias de serviços são as que mais precisam de boa gestão. “Não necessariamente um serviço ruim é culpa da franquia. Muitas vezes, é problema de gestão em uma unidade específica”, afirma o conselheiro do Sebrae de São Paulo Leandro Perez.

 

Para melhorar a performance, os dois sócios encontraram uma forma de atrair indicações de lojistas. Quando há necessidade de ajustes a uma roupa no momento da compra, costureiras da equipe vão à loja fazer ajustes. “Fizemos com que os lojistas nos vissem como parceiros”, explica Dalia.

 

Perez aconselha o investidor a se colocar na posição do cliente da franquia que pretende abrir. “Contrate o serviço e veja se tudo que é prometido acontece na ponta”.

 

O franqueado da 5àsec Alexandre Saidel conta que, ao abrir um negócio em franquias, o empreendedor vai ter acesso ao treinamento da marca para gestão do negócio. “Somos capazes de operar uma loja, de operar o sistema. A gente adquire esse conhecimento”.

 

Mas ele observa que, se um cliente pede um tipo de serviço e não é atendido da forma adequada, haverá frustração e o risco é de perder o cliente. “Quando situações assim acontecem, temos que trabalhar erros de comunicação dentro da empresa”, comenta. “Mas, é bom lembrar que o franqueado não está sozinho nessa. “A própria franqueadora tem que se preocupar com o nome dela que está entrando na casa de outras pessoas”, diz Perez. (O Estado de S. Paulo)