Indústria paulista evita queda maior do setor

O Estado de S. Paulo

 

Respondendo por 35% da produção industrial do País, o Estado de São Paulo voltou a se destacar em abril, compensando alguns resultados muito ruins do setor secundário de outras regiões. Mas, se as comparações de curto prazo são razoáveis, o mesmo não se pode dizer das de médio e longo prazos, cujos números continuam a ser insatisfatórios para a indústria.

 

Em abril, 10 dos 15 locais avaliados na Pesquisa Industrial Mensal (PIM) Regional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostraram crescimento. São Paulo avançou 2,4% entre março e abril. Também houve evolução na Região Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), evitando um quadro mais difícil para a indústria brasileira, que cresceu apenas 0,3% no período. As maiores taxas de crescimento foram registradas em Pernambuco (8,3%), Bahia (7,4%) e Mato Grosso (5,1%).

 

Mas, quando se comparam os meses de abril de 2018 com abril de 2019, houve recuo em 9 dos 15 locais pesquisados e a variação média nacional foi negativa em 3,9%. O segmento de mineração liderou as quedas tanto no Pará (-31%) como no Espírito Santo (-18%), mas a queda em Minas Gerais também foi alta (-10,9%). Além da paralisação de fábricas por questões ambientais decorrentes do rompimento de barragem em Brumadinho, as chuvas intensas afetaram a produção mineral.

 

Os problemas da indústria transcendem o efeito do desastre ambiental. No Rio de Janeiro, por exemplo, as comparações são negativas em todos os períodos avaliados pelo IBGE nos últimos 12 meses. A produção do Estado caiu 8,8% entre os meses de abril de 2018 e de 2019. Os dados também são bastante negativos em Goiás e em Mato Grosso.

 

Na avaliação dos economistas do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), há vários sinais desfavoráveis da situação industrial. A Região Sudeste apresenta sequência de dados negativos na comparação com 2018. A indústria da Região Nordeste cai desde o último quadrimestre de 2018. No Amazonas, houve crescimento entre abril e março, mas este nem de longe compensou o declínio iniciado em 2018.

 

Operando com elevada ociosidade, a indústria só deverá se recuperar no médio prazo. É uma tarefa delicada em face dos problemas de produtividade, competitividade, custos altos e baixo investimento. (O Estado de S. Paulo)