Varejo cai 0,6% e previsão de alta do PIB é revisada

O Estado de S. Paulo

 

A exemplo do que já havia ocorrido com a indústria, o desempenho do comércio varejista decepcionou em abril. O volume vendido recuou 0,6% em relação a março, após dois meses anteriores de estagnação. Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio, divulgados ontem pelo IBGE.

 

“A atividade econômica em baixa, a alta capacidade ociosa, o desemprego chegando a 13 milhões de pessoas e emprego gerado na informalidade – tudo isso faz com que a massa de rendimentos não cresça de forma suficiente para estimular o consumo”, justificou Isabella Nunes, gerente da Pesquisa Mensal de Comércio, no IBGE.

 

Frustração

 

A nova decepção impõe viés de baixa na projeção para o crescimento do PIB do segundo trimestre, alertaram alguns especialistas. O economista Julio Cesar Barros, da gestora de recursos Mongeral Aegon Investimentos, esperava uma alta de 0,5% para o PIB do período, mas disse que o resultado do varejo indica que a estimativa pode cair para 0,3%.

 

Já o banco holandês Rabobank menciona viés de baixa para o fechamento do ano. A projeção atual do banco é de um avanço de 0,2% do PIB no segundo trimestre e de 0,7% em 2019. “Eu diria que está mais para 0,5% do que para 1%”, afirmou o economista-chefe do Rabobank, Mauricio Oreng, em relação ao PIB deste ano.

 

O alto desemprego e os ganhos reais de renda muito pequenos associados à forte incerteza na economia deixam o comércio travado, justificou Julio Cesar Barros. “Esse diagnóstico é o mesmo de meses anteriores. Não tem nenhum elemento novo que impulsione a atividade”, apontou o economista.

 

Na passagem de março para abril, houve queda na maioria das atividades que integram o varejo, mas o principal impacto negativo sobre a média global foi da retração no volume vendido pelos supermercados (baixa de 1,8%), afetados tanto pelo aumento de preços dos alimentos quanto pela falta de fôlego da renda da população.

 

“Os supermercados recuaram pelo terceiro mês seguido, acumulando uma perda de 3,4% no período”, ressaltou Isabella Nunes. (O Estado de S. Paulo/Daniela Amorim e Thaís Barcellos)