Produção de carros no País deve crescer menos que o previsto

O Estado de S. Paulo

 

A indústria automobilística vai deixar de exportar este ano mais de 120 mil veículos para a Argentina em razão da crise econômica no país. A perda, calculada com base nas entregas do ano passado, levará o setor a reduzir projeções feitas em janeiro para venda externa e produção.

 

O setor previa produzir 2,88 milhões de veículos, 9% a mais que em 2018. As exportações já seriam 6,2% inferiores ao ano passado, com 590 mil unidades. Os dois números serão revistos. “O impacto da Argentina é maior do que imaginávamos”, disse o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Carlos Moraes.

 

Segundo ele, em 2018, foram exportados, em média, 45 mil veículos por mês para a Argentina. Hoje, é metade disso. De janeiro a maio de 2018, o país recebeu 76% das exportações brasileiras, fatia que caiu para 59%.

 

Nem o recente anúncio do governo de Mauricio Macri, de que haverá incentivos para a compra de carros, deve mudar o quadro. “Qualquer melhora lá pode ajudar aqui, mas não sabemos ainda se será apenas uma medida pontual”, diz Moraes.

 

Principalmente em razão do recuo de vendas para a Argentina, a Toyota vai cortar 340 vagas da fábrica de Sorocaba. A Volkswagen dará férias e folgas de um mês aos funcionários da produção de São Bernardo do Campo, a partir do dia 24, e já adotou o expediente na filial de Taubaté por 20 dias. A Nissan suspendeu plano de criar um terceiro turno em Resende (RJ).

 

Empregos

 

Nos cinco meses do ano, a exportação total de veículos caiu 42% ante 2018 (para 181,6 mil unidades). A produção cresceu 5,3% (1,241 milhão) e as vendas 12,5% (1,084 milhão).

 

Só em maio foram produzidos 275,7 mil veículos, alta de 30% em relação ao mesmo mês do ano passado, quando a greve dos caminhoneiros paralisou as fábricas por causa da falta de peças. As exportações caíram 32,7%, somando 915,1 mil unidades, enquanto as vendas cresceram 21,6%, para 245,4 mil unidades. Em um ano, o setor fechou 2,4 mil postos de trabalho. Hoje, emprega 130 mil pessoas. Em maio de 2018 eram 132,4 mil. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)