Fiat retira proposta de fusão com a Renault

O Estado de S. Paulo/Agências Internacionais

 

A FCA Fiat Chrysler retirou ontem sua proposta de fusão de participações igualitárias (50% cada) com a montadora francesa Renault. O comunicado da empresa foi divulgado à noite, logo após a Renault ter informado manter interesse no negócio, mas que continuaria avaliando a oferta.

 

Segundo o comunicado da Renault, o Conselho de Administração que se reuniu por cerca de seis horas “não pôde tomar uma decisão devido ao pedido expresso pelos representantes do Estado francês para adiar a votação para um Conselho posterior.” De acordo com fontes do mercado, o governo francês queria a garantia de que essa fusão não afetaria a aliança com a japonesa Nissan e pediu mais uma semana de prazo para dar uma resposta sobre a oferta. Também havia dúvidas sobre garantias de emprego por parte da companhia ítalo-americana, após uma eventual parceria.

 

A nota da FCA afirma que a empresa “continua firmemente convencida da lógica convincente e transformacional de uma proposta que tem sido amplamente apreciada desde que foi apresentada, cuja estrutura e termos foram cuidadosamente equilibradas para oferecer benefícios substanciais a todas as partes”. Afirma ainda ter ficado claro que “as condições políticas na França não existem atualmente para tal combinação prosseguir com sucesso.”

 

A nota finaliza informando que a FCA “continuará cumprindo seus compromissos por meio da implementação de suas estratégias”. A união ajudaria ambos os grupos na divisão de custos para desenvolver carros elétricos e autônomos.

 

Gigante

 

A eventual fusão tornaria o novo grupo – avaliado em US$ 35 bilhões –, no terceiro maior fabricante mundial de veículos, com cerca de 8,7 milhões de unidades ao ano, atrás da Volkswagen e da Toyota.

 

No Brasil, a parceria colocaria a nova empresa no topo do mercado, com vendas de 646 mil unidades (o equivalente a 30% do mercado nacional), muito superior ao volume da atual líder General Motors, que vendeu 434 mil veículos em 2018.

 

Segundo a FCA, a junção resultaria em mais de ¤ 5 bilhões de ganhos por ano em sinergias e não haveria fechamento de fábricas. A FCA tem 102 fábricas no mundo e a Renault, 34. Juntas, empregam quase 380 mil funcionários. (O Estado de S. Paulo/Agências Internacionais/Cleide Silva)