Indústria automotiva crê na importância do Metrô

Diário do Grande ABC

 

Presente na região com seis montadoras e extensa cadeia de fornecedores, o setor automotivo também acredita que o Metrô seria importante para o desenvolvimento do Grande ABC. O projeto da Linha 18 – Bronze visa a integração da região até a Capital (Tamanduateí) e prevê 13 estações localizadas entre Santo André, São Bernardo e São Caetano.

 

Mesmo sendo responsáveis pela produção de automóveis, ônibus e caminhões, as empresas reconhecem que a implementação de mais um modal seria importante para a mobilidade regional, além do próprio desenvolvimento econômico. O presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Luiz Carlos Moraes, afirma que o melhor modal deve ser decidido com base na capacidade de investimento e também conforme as características de cada cidade, mas ele diz não ser contra a implantação do Metrô, que pode funcionar com a integração com outros modais.

 

“É um importante sistema de transporte de grande fluxo e, com a combinação de corredores de ônibus, é perfeito. São diversos benefícios, como o estímulo da economia e a geração de empregos na região”, disse.

 

Diretor de relações institucionais e governamentais da Scania para a América Latina, Gustavo Bonini também acredita que a interligação com outros meios de transporte seja positiva. “Quando falamos de mobilidade, todas as opções são válidas porque está relacionada a usar multimodal, ou seja táxi, carros, aplicativos. Cada modal tem a sua vocação e eles devem ser interligados. Não devemos apostar em uma só opção de transporte porque assim todos nós perdemos. Nós apoiamos o projeto porque apoiamos a mobilidade e produzimos sistema de transporte que transporta cargas e pessoas”, afirmou.

 

Segundo o coordenador de MBA em gestão estratégica de empresas da cadeia automotiva da FGV (Fundação Getulio Vargas), Antonio Jorge Martins, a implantação do Metrô pode abrir outras possibilidades para o setor automotivo. “A tendência é não beneficiar as montadoras por conta da substituição do carro pelo Metrô, mas podem-se abrir novas frentes de mobilidade que se ligam ao Metrô através da possibilidade de deslocamento para outras regiões. Por exemplo, o Metrô serve a região do ponto 1 até o ponto 2, mas não atende os 3 e 4. Há possibilidade de criação de empresas de prestação de serviços que favoreçam o deslocamento entre esses locais. Há uma grande possibilidade de ter mais carros sendo vendidos por essas empresas prestadoras de serviço nesses pontos”, analisou.

 

A Mercedes-Benz, que também possui fábrica em São Bernardo, afirmou que toda iniciativa com foco na melhoria da mobilidade urbana é “muito bem-vinda e positiva tanto para a indústria como para a sociedade”. “Acreditamos que uma rede integrada pode promover ao passageiro a escolha do melhor trajeto ou modalidade realizando o transbordo, propiciando um menor custo possível ao passageiro. Sendo assim, a interligação entre os modais para um transporte eficiente, e com qualidade aos passageiros, deve ser sempre considerado. Com certeza, a região e sua população ganham e muito com essas novas possibilidades de transporte público que se apresentam nessas cidades”, informou, por nota.

 

A alemã, líder de vendas de ônibus no País com mais de 50% de participação no mercado e 70% se considerado só o segmento de urbanos, destacou que possui linha completa de ônibus para atender os mais variados perfis de transporte e “conviver com outros modais para a oferta de um serviço de qualidade pelas empresas de ônibus.”

 

Questionadas, a GM, Toyota e Ford afirmaram que não iriam se manifestar. A Volkswagen não retornou aos questionamentos do Diário.

 

Junho é o prazo dado pelo governo do Estado para o anúncio oficial da escolha do modal que vira à região, se o monotrilho ou uma alternativa, como o BRT (sigla em inglês para sistema de transporte rápido por ônibus). (Diário do Grande ABC/Yara Ferraz)