Mercado prevê nova baixa do PIB, agora para 1,49%

O Estado de S. Paulo

 

A expectativa do mercado para o crescimento da economia em 2019 despencou de 1,70% para 1,49%, conforme mostrou ontem o Relatório de Mercado Focus, elaborado pelo Banco Central com as projeções dos analistas das principais instituições financeiras que atuam no País.

 

Essa é a décima semana consecutiva de redução na projeção para a alta do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. E a queda nas expectativas vem se acentuando. A estimativa das instituições estava em 2,48% no fim de fevereiro. Há apenas quatro semanas, caiu para 1,97%.

 

A projeção do BC para a alta do PIB em 2019 é de 2%, mas o porcentual foi atualizado em março. Para 2020, o mercado manteve a previsão de alta do PIB em 2,50%. Há quatro semanas, porém, a estimativa estava em 2,70%.

 

O relatório também trouxe piora nas projeções para o resultado primário do governo. A estimativa para a relação entre o déficit primário e o PIB neste ano passou de 1,35% para 1,40%. O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo antes do pagamento dos juros da dívida pública.

 

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que “não há novidade” na desaceleração econômica vista no País e que o Brasil voltará a crescer a partir de julho. “Assim que forem aprovadas as reformas, o Brasil retomará o seu caminho de crescimento sustentável”, disse. “O Brasil de julho em diante estará crescendo de novo”, afirmou ontem a jornalistas após participar de encontro com Jair Bolsonaro.

 

Guedes argumentou que o País vinha crescendo 0,5% em média na última década, muito abaixo do 1,49% agora projetado pelo Focus. “O mundo está em desaceleração, o Brasil é o contrário, era prisioneiro de uma armadilha do baixo crescimento e vai recuperar crescimento econômico pelo caminho das reformas”, repetiu.

 

Ao lado do ministro, Bolsonaro afirmou que o Brasil “não tem outra alternativa” senão aprovar a reforma da Previdência. Segundo o presidente, caso o País siga apresentando déficits em suas contas, o caminho seria “imprimir moeda”, mas isso levaria ao aumento da inflação.

 

“Poderíamos ainda pegar empréstimo lá fora, mas será que querem emprestar para nós? Com que taxas de juros? Não tem outra alternativa, é a reforma da Previdência”, disse. (O Estado de S. Paulo/Eduardo Rodrigues e Lorenna Rodrigues)