Montadoras veem ano positivo para máquinas

DCI

 

As fabricantes de máquinas agrícolas acreditam que a perspectiva de safra positiva e a necessidade de renovação da frota devem impulsionar as vendas do segmento. Montadoras preveem até 10% de avanço do mercado em 2019.

 

“As projeções apontam para uma safra forte, com manutenção dos preços das commodities e dólar alto, permitindo uma maior capitalização do produtor. Isso deve se refletir nas vendas de máquinas”, declarou o diretor de vendas da Valtra, José Carramate, na última terça-feira (30).

 

O executivo destacou que as colheitas de soja e milho devem ser menores na safra atual, mas ainda assim, atingir volumes expressivos. “O café, por exemplo, está no momento de baixa do biênio e deverá ser a segunda maior safra da história”, observa.

 

A empresa estima um crescimento de 10% das vendas do segmento em 2019. “A melhor remuneração do agricultor impacta no otimismo e em um maior investimento”, assinala.

 

O diretor de vendas da Massey Ferguson, Eduardo Nunes, aponta que mais de 60% da frota de tratores e também de colheitadeiras do País tem mais de dez anos. “Há um potencial de renovação, até pela questão de busca por melhoria de eficiência”, avalia. A empresa também projeta 10% de crescimento do mercado neste ano. “Temos bastante otimismo pelo tamanho do nosso portfólio e por uma reformulação que fizemos na nossa área de concessionárias”, diz Nunes, contando que desde 2017 a empresa fez mais de 100 lançamentos no Brasil.

 

Para o diretor de mercado da New Holland no País, Alexandre Blasi, os preços das commodities têm tendência de estabilidade no longo prazo. “Não há um movimento de baixa de preços à vista. O Brasil tem muito a crescer e o agronegócio é um grande propulsor disso”, destaca.

 

A fabricante estima crescimento de 5% a 10% das vendas em 2019. A avaliação é de que existem necessidades de investimentos por parte dos agricultores em função da expansão da área produtiva e pela busca por maior eficiência. “O setor é muito competitivo, mas ainda tem trabalho a fazer para chegar aos níveis de produtividade dos EUA”, salienta.

 

O presidente da Caterpillar Brasil, Odair Renosto, entende que há um movimento do governo limitar subsídios ao setor. “A tendência é que os juros do próximo Plano Safra sejam mais altos, se aproximando do mercado comercial. Não deve haver grandes subsídios”.

 

Já o vice-presidente da New Holland na América do Sul, Rafael Miotto, não acredita em risco de cortes de subsídios. “O agronegócio brasileiro ainda não está preparado para trabalhar sem esse tipo de suporte. É possível que exista ajustes na metodologia, mas seria um tiro no pé cortar tudo”.

 

Miotto argumenta que existem alternativas de financiamento competitivos no curto prazo, mas no cenário mais amplo, é difícil compensar os recursos públicos por uma questão de escala. “Mais do que volume, gostaríamos que houvesse previsibilidade. É melhor um cenário de juros mais altos, mas com clareza, do que ocorrer da maneira que foi nesse plano, com recursos acabando repentinamente.”

 

Carramate acredita que com a escassez de recursos públicos o setor vai ter que usar a criatividade. “Vamos trabalhar mais com bancos e consórcios, além de criar novas ferramentas e dividir com o agricultor essa nova realidade”.

 

Ele ressalta que, embora essas alternativas já mostrem avanço, uma possível alta de juros no Plano Safra deverá ter impactos negativos. “Sem dúvida afeta as vendas. Ninguém do agronegócio deseja isso”. (DCI/Ricardo Casarin)