Ford “paga” a operários para fechar fábrica

O Estado de S. Paulo

 

Funcionários da área de produção da Ford vão receber indenizações de 1,5 a dois salários extras por ano trabalhado como compensação pelo fechamento da fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista. A proposta da empresa foi aceita em assembleia após mais de 40 dias de negociações com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

 

A empresa poderá encerrar as atividades antes de novembro, prazo inicialmente previsto. Até lá, os metalúrgicos continuarão trabalhando duas vezes por semana. A antecipação do fechamento vai depender das negociações para a venda da fábrica que, segundo fontes do mercado, estão avançadas com o grupo brasileiro Caoa, dono de revendas Ford e fabricante de veículos da Hyundai e da Chery.

 

Terão direto à indenização – a ser paga em paralelo aos valores previstos em lei para rescisão de contratos – os cerca de 3 mil funcionários da Ford. O acerto não inclui os 1,5 mil terceirizados. Para mensalistas, a compensação varia de um a 0,75 salário por ano trabalhado.

 

Segundo notas divulgadas pela Ford e pelo sindicato, a indenização dependerá da adesão do trabalhador ao que a empresa chama de Plano de Demissão Incentivada (PDI). Ocorrendo a venda e o funcionário optar por continuar na empresa, caso seja selecionado pelo novo dono, a compensação será de 1,5 salário por ano trabalhado para horistas e de 0,75 para mensalistas.

 

Segundo a Ford, se a venda não se concretizar todos receberão o valor maior. Quem deixar a empresa também poderá participar de um programa de requalificação profissional e terá apoio psicológico.

 

O fechamento da fábrica que produz caminhões e o modelo Fiesta foi anunciado em fevereiro, após decisão da matriz do grupo nos Estados Unidos que não viu oportunidades de lucratividade na operação e decidiu abandonar o negócio de caminhões. A produção de automóveis será concentrada na fábrica de Camaçari (BA).

 

Lyle Watters, presidente da Ford América do Sul, disse que considera o processo negocial “exemplar” e que manterá diálogo com os envolvidos. Quando anunciou o fechamento, o executivo foi criticado pelos trabalhadores por não ter negociado o processo e pegar a todos de surpresa. Para Wagner Santana, presidente do sindicato, o objetivo agora “é garantir a manutenção da fábrica com novos proprietários, e que ela continue fabricando caminhões”. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)