Empresas de plástico esperam reação no 2º semestre após início de ano fraco

DCI

 

A indústria do plástico avalia que o volume de negócios veio abaixo do esperado nos primeiros meses do ano, mas acredita em um mercado mais aquecido no segundo semestre. Ainda assim, o setor revisou para baixo a estimativa de aumento da produção para 2019, de 2,5% para 1,5%.

 

“O movimento é um pouco decepcionante. O desempenho ficou estagnado em relação ao ano passado, acreditávamos que a reação seria mais rápida. Mas a expectativa ainda é positiva”, declarou a diretora da RadiciGroup no Brasil, Jane Campos.

 

A executiva explica que as principais demandas têm sido originadas pelo setor de embalagens alimentícias e do mercado agrícola. “O automotivo não está bom. As vendas são expressivas, mas a produção ainda não.” Ela acredita que o cenário pode melhorar em função da queda dos estoques de veículos.

 

A projeção de crescimento da empresa é de 6% em 2019. “É pouco, considerando que estamos falando em retomada do setor”, assinala, destacando que a empresa cresceu nos últimos cinco anos.

 

O gerente técnico da Milliken na América do Sul, Edmar Nogueira, avalia que o mercado está em compasso de espera. “O ritmo não diminuiu, mas ficou estável. Há potencial para crescer, o clima é favorável no geral”.

 

Multinacional do setor químico, a empresa produz soluções para embalagens de polipropileno. “O segmento de food service confirmou a tendência de crescimento. Também percebemos o fortalecimento do tema sustentabilidade, com grandes empresas do setor de alimentos visando novos materiais para facilitar a reciclagem”, aponta.

 

A fabricante também atua no setor agrícola, com uma divisão especializada em corantes para sementes, e irá inaugurar um laboratório em São Paulo em agosto. “É uma oportunidade de crescer na América Latina e globalmente. Esse investimento irá permitir o atendimento de parceiros na região”, explicou a diretora regional América Latina da Milliken, Cristina Neri.

 

O diretor de negócios na América do Sul da Ineos Styrolution, Fabio Bordin, conta que a empresa conseguiu bons resultados no setor automotivo em 2019 em função de negociações que atrasaram no fim do ano passado. “Conseguimos melhorar nosso market share no Brasil. Também vemos uma melhora no segmento de linha branca, que estava um pouco represado”.

 

O gerente técnico da Lanxess, Anderson Maróstica, afirma que a produção voltada para o setor automotivo subiu um pouco, em função do consumo local. “As vendas de plástico têm aumentado, pois as montadoras estão buscando substituir o insumo para obter veículos mais leves”.

 

Ele acredita que o programa Rota 2030 deve reforçar essa tendência. A companhia espera melhora no ano, em função da aprovação de reformas pelo Congresso e pela concretização de investimentos das montadoras de automóveis.

 

Revisão

 

Ontem a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) revisou para baixo sua estimativa de crescimento da produção física em 2019 para 1,5%. Anteriormente, a entidade havia estimado incremento de 2,5%. “Essa projeção foi revisada em vista dos resultados negativos da produção física no primeiro bimestre do ano”, disse o presidente da Abiplast, José Ricardo Roriz Coelho.

 

De janeiro a fevereiro, a indústria de transformados plásticos registrou retração de 3%. “Nossa estimativa é que o setor comece a alcançar o volume de produção física de 2014 somente em 2023”, apontou. (DCI/Ricardo Casarin)