Frete atrelado a diesel faz caminhoneiro descartar greve

O Estado de S. Paulo

 

Representantes dos caminhoneiros descartaram a possibilidade de uma greve da categoria depois de o governo prometer que fiscalizará o cumprimento da tabela de frete e acertar que ela será reajustada de acordo com as mudanças no preço do diesel. O primeiro reajuste deve ser feito até dia 29.

 

Com a promessa de que o governo vai fiscalizar o cumprimento da tabela de preços mínimos para o frete rodoviário, caminhoneiros descartaram ontem a ameaça de uma nova paralisação. Cerca de 30 representantes da categoria de diversas regiões do País estiveram reunidos por quase quatro horas com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas.

 

“Não houve um acordo, mas sim um compromisso de uma agenda positiva”, disse o presidente da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), Diumar Bueno. Ele disse que os representantes levaram ao governo algumas questões que não eram de conhecimento das autoridades e que em troca receberam o compromisso de que a tabela será de fato fiscalizada. “Esse compromisso deve acalmar as bases e não deve haver paralisação nesse momento”, disse.

 

Outro ponto que, segundo os representantes, teria sido fechado pelo governo é a promessa de que a tabela será reajustada segundo as mudanças do preço do diesel. O primeiro reajuste seria feito até o dia 29, de acordo com as alterações que o valor do combustível sofreu desde o início do ano. Segundo Bueno, o governo ficou de calcular de quanto será essa mudança. “A categoria está confiante nesse governo”, disse.

 

Um dos líderes, Wanderlei Alves, conhecido como Dedeco, afirmou que os próprios caminhoneiros deverão ser agentes de fiscalização, levando denúncias de empresas que não estão cumprindo a tabela à CNTA, que, por sua vez, repassará à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e ao governo. O ministério teria se comprometido também a retirar multas a motoristas que fizerem as denúncias.

 

Dedeco, que participou da convocação de uma nova paralisação para o dia 29 de abril, pediu que os caminhoneiros “se acalmem e esperem”.

 

Confiante

 

Mais cedo, o porta-voz da Presidência da República, general Otávio Rêgo Barros, afirmou que o presidente Jair Bolsonaro não vê risco de uma nova greve geral de caminhoneiros. “Ele (o presidente) está confiante de que não haverá uma parada por parte dos caminhoneiros”, disse.

 

Na semana passada, líderes dos caminhoneiros autônomos, insatisfeitos com o pacote anunciado pelo governo e com o aumento de R$ 0,10 no preço do diesel, agendaram uma paralisação para o dia 29 de abril. “A expectativa do governo do presidente Jair Bolsonaro, que mantém diuturnamente canal de ligação aberto com a categoria, é de que não há motivos para essa paralisação”, disse Rêgo Barros.

 

A avaliação do governo é que o principal problema dos caminhoneiros é a falta de fretes, já que empresas começaram a montar a própria frota para burlar a exigência de pagar o preço mínimo do frete, uma das medidas adotadas pelo expresidente Michel Temer para colocar fim à greve de maio do ano passado, que provocou uma crise de abastecimento no País.

 

Segundo o porta-voz, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) faz acompanhamento cerrado e análises de risco e o presidente tem a convicção do “espírito patriótico” dos caminhoneiros. “Com base nesse espírito patriótico, somando-se ao acompanhamento realizado por outros órgãos do governo, o presidente entende que, no momento, as condições para estabelecimento dessa parada não se fazem presentes”, relatou Rêgo Barros. (O Estado de S. Paulo/Camila Turtelli)