O Estado de S. Paulo
O Uber anunciou ontem que sua divisão de carros autônomos recebeu US$ 1 bilhão em investimentos de um consórcio de investidores, formado pelo grupo japonês SoftBank, a montadora Toyota e a fornecedora de autopeças Denso. Os recursos serão utilizados pela empresa para financiar a unidade, que tem altos custos para criar um veículo sem motorista e tem sido malvista por investidores às vésperas de a empresa de transporte por aplicativo abrir seu capital na bolsa de valores.
Desde 2016, quando iniciou seu projeto de carro autônomo, a empresa já gastou US$ 1,07 bilhão – e não faturou nenhum centavo com o setor.
Em seu pedido de abertura de capital, o Uber avisou aos investidores que a tecnologia de direção sem motorista “é cara e consome tempo, além de poder não ser bem-sucedida”. A empresa também declarou que está atrás de competidores no mercado – analistas consideram que a Waymo, do Google, tem hoje o projeto mais avançado.
Segundo o Uber, a Advanced Technologies Group (ATG), sua unidade de carros autônomos, receberá US$ 33 milhões da SoftBank; já a Toyota e a Denso aportarão juntas US$ 667 milhões. Com os investimentos, a divisão está avaliada sozinha em US$ 7,25 bilhões. A Toyota se comprometeu ainda a contribuir com US$ 300 milhões para cobrir os custos de produção comercial de veículos sem motoristas. O investimento já havia sido antecipado pela agência de notícias Reuters em março.
A ATG vai se tornar uma empresa própria, ainda sobre o controle do Uber. A divisão de carros autônomos terá ainda um conselho de administração próprio, com seis cadeiras para o Uber, uma para o SoftBank e uma para a Toyota. Eric Meyhofer, hoje chefe da divisão, receberá o título de presidente executivo e reportará à nova estrutura.
O negócio, no entanto, deverá ainda ser aprovada por autoridades regulatórias nos EUA – e pode sofrer sanções, uma vez que há preocupação dentro do governo americano com a presença de investidores estrangeiros em uma área estratégica como a de carros autônomos. Um investimento similar da SoftBank na Cruise, área de direção sem motorista da GM, segue sob revisão de um comitê do governo americano.
Hoje, a SoftBank tem 16% do Uber, sendo sua maior acionista. A Toyota também já aportou US$ 500 milhões na startup. Enquanto isso, o Uber se prepara para começar uma turnê para convencer investidores a comprar ações da empresa em sua chegada à Bolsa de Valores de Nova York – segundo analistas, a estreia deve acontecer no começo de maio e avaliar a empresa em torno de US$ 100 bilhões. (O Estado de S. Paulo)