Presidente não decide preço do diesel, diz Guedes

O Estado de S. Paulo

 

Após reunião com Jair Bolsonaro sobre a Petrobrás, Paulo Guedes disse que a empresa é “quem decide reajuste (do diesel), não o ministro da Economia ou o presidente da República”. O governo anunciou medidas para atender caminhoneiros, que não foram bem recebidas.

 

Na tentativa de atender às demandas dos caminhoneiros, que ameaçam nova paralisação, o governo federal anunciou uma série de medidas em favor da categoria, depois de o presidente Jair Bolsonaro determinar o cancelamento do aumento do diesel pela Petrobrás. O problema é que os caminhoneiros aparentemente não concordaram com o governo e acham que as medidas são apenas uma forma de protelar a greve que eles estão discutindo há alguns dias.

 

Entre as medidas, está a liberação de R$ 500 milhões para quem tem até dois caminhões, em financiamentos com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em uma linha de crédito para manutenção dos veículos. Cada motorista terá direito a em empréstimo de até R$ 30 mil, mas as condições de crédito, como as taxas de juros e o prazo para pagamento, não foram detalhadas.

 

Recursos

 

O Ministério de Infraestrutura afirmou também que vai usar R$ 2 bilhões que foram desbloqueados do Orçamento da pasta para a conclusão de obras importantes e manutenção de rodovias consideradas essenciais, como as BR163, que liga o Rio Grande do Sul ao Pará.

 

O ministro de Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, voltou a falar do cartão caminhoneiro, criado pela Petrobrás em março, para “congelar” o valor do diesel no momento da compra e dar mais previsibilidade aos motoristas. O produto, porém, ainda está sendo desenvolvido pela BR Distribuidora, a empresa de combustíveis da Petrobrás. Ao anunciá-lo em março, a empresa disse que o lançaria em 90 dias.

 

Ainda entre as medidas, o governo quer construir uma referência de piso para o preço do frete rodoviário. Depois da paralisação de maio do ano passado – na qual houve crise de abastecimento em todo o País –, o governo do ex-presidente Michel Temer chegou a propor uma tabela de frete, mas a medida enfrenta uma batalha judicial e ainda deve ser analisada pelos ministros

 

Do Supremo Tribunal Federal (STF). Indústria e agronegócio afirmam que o tabelamento é inconstitucional.

 

“A discussão do frete é uma coisa na qual todos têm razão, embarcador e caminhoneiro: o embarcador paga caro e o caminhoneiro ganha pouco”, afirmou Freitas. “Onde está o dinheiro?”

 

Paradas

 

O governo também se comprometeu a incluir nas novas concessões de rodovias federais pontos de paradas obrigatórias e construir esses lugares, nos quais os caminhoneiros podem parar para dormir e cozinhar. A iniciativa seria levada também às rodovias já concedidas. Também foram anunciadas medidas de desburocratização, como a entrada em vigor neste mês do documento eletrônico de transporte e a prorrogação de cinco para dez anos da validade das carteiras de motoristas, a CNH (Carteira Nacional de Habilitação).

 

Além da BR-163 que prometeu pavimentar até Miritituba (PA), Freitas anunciou também que o governo vai recuperar trecho da BR-135 (de Estiva a Bacabeira, no Maranhão), duplicação da BR-101 (BA) e 116 (RS).

 

“Não se trata de ficar refém (dos caminhoneiros). Eles pedem tão pouco: condição de estrada boa, poder descansar onde tenham segurança. O que custa atender a esse pleito? Vontade”, disse Freitas.

 

O ministro considerou os pleitos “justos” e salientou que foram “construídos na base do diálogo”. (O Estado de S. Paulo/Tânia Monteiro, Lorenna Rodrigues e Amanda Pupo)