Abimaq quer mais R$ 2 bilhões para atender Moderfrota até junho

Globo Rural

 

A suspensão de uma das linhas de financiamento do Moderfrota levou a indústria de máquinas e equipamentos agrícolas a reforçar o pedido de recursos adicionais para o crédito direcionado. A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), entidade que representa o segmento, calcula que sejam necessários pelo menos R$ 2 bilhões para garantir o atendimento à demanda do programa até 30 de junho, quando termina o Plano Safra 2018/2019.

 

Ontem, terça-feira (16/4), o presidente do Conselho da Abimaq, João Carlos Marchesan, está em Brasília (DF), onde se reúne com representantes da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA). A intenção é levar a situação do mercado de máquinas e equipamentos agrícolas também aos Ministérios da Agricultura e da Economia.

 

“Sem o Moderfrota, o mercado para. Ninguém investe a juros livres. Fica estratosférico”, afirma Marchesan, destacando a importância do crédito direcionado como referência para o mercado. “Desde outubro do ano passado, já vínhamos alertando que faltaria dinheiro. A dotação de recursos foi menor este ano”, acrescenta, afirmando as conversas com o novo governo vêm desde a transição.

 

A escassez de recursos do Moderfrota tem sido uma das principais preocupações do setor de máquinas e equipamentos. O Plano Agrícola e Pecuário 2018/2019 reservou ao programa R$ 8,639 milhões. De julho de 2018 a março de 2019, o montante liberado foi de R$ 6,997 bilhões, 81% do total. A demanda foi 33% maior que no mesmo período na safra 2017/2018 (julho de 2017 a março de 2018).

 

Em janeiro, a própria Abimaq protocolou um pedido de aporte adicional de R$ 3 bilhões para o Moderfrota. Mas, no final de fevereiro, o governo liberou apenas R$ 470 milhões, R$ 390 milhões a taxa de 7,5% ao ano e R$ 80 milhões a juros de 9,5% ao ano. A linha de 9,5% ainda está aberta, mas, segundo Marchesan, também está próxima do fim.

 

“É um recurso para o agricultor financiar a modernização de sua frota. Das máquinas brasileiras, pelo menos 50% têm de 10 a 15 anos de uso. Tudo está se modernizando e faz com que o agricultor tenha mais produtividade, mais eficiência e mais economia. Estamos nos posicionando por uma suplementação que, na nossa conta, é de R$ 2 bilhões até o fim do Plano Safra”, ressalta Marchesan.

 

A decisão do BNDES, de suspender os pedidos de financiamento pelo Moderfrota com juros de 7,5% ao ano, voltada para produtores e empresas com faturamento anual de até R$ 90 milhões, foi tomada menos de 20 dias antes da abertura da Agrishow, uma das principais feiras de tecnologia agrícola do Brasil. A 26ª edição do evento será entre os dias 29 de abril e 3 de maio, em Ribeirão Preto (SP).

 

Os organizadores esperam um crescimento de 10% no volume de negócios em relação à feira de 2018, quando o movimento foi de R$ 2,7 bilhões. Mesmo com os problemas no crédito direcionado, pelo menos por enquanto, a expectativa inicial para o evento está mantida.

 

João Carlos Marchesan afirma que o atendimento à demanda na Agrishow está garantida pelos recursos dos Fundos Constitucionais do Norte, Nordeste e Centro Oeste e pelo Banco do Brasil. Segundo o executivo da Abimaq, o banco fará uma aporte adicional de R$ 500 milhões para emprestar nas condições do Moderfrota. Fora isso, a alternativa é o crédito livre no sistema financeiro privado.

 

“Com o que o Banco do Brasil vai colocar, mais os recursos que ainda tem para o grande (Moderfrota a 9,5% ao ano) e tem os Fundos Constitucionais, que pode ser usado como investimento. Norte, Nordeste e Centro-oeste estarão cobertos pelos Fundos Constitucionais. Mas o Sul e Sudeste não têm nada. Precisamos do Moderfrota”, argumenta o presidente do Conselho da Abimaq.

 

Procurado por Globo Rural, o Banco do Brasil não confirmou o montante a ser destinado ao financiamento de máquinas e equipamentos agrícolas na Agrishow. Pela assessoria, informou apenas que foi feito um remanejamento de recursos de outras linhas para o Moderfrota dentro do funding atual da instituição para o crédito direcionado, com o objetivo de atender a toda a demanda da feira. (Globo Rural/Raphael Salomão)