A atual realidade dos carros fabricados por montadoras chinesas

O Dia

 

Os carros chineses já são uma realidade no mundo inteiro. Aos poucos, os consumidores estão perdendo o receio de adquirir um modelo criado na China. Ainda em abril, de 18 a 25, acontece mais uma edição do Salão de Xangai. Dois dias antes, a internet brasileira será invadida por uma enxurrada de notícias sobre os novos carros chineses, por conta da presença de vários jornalistas especializados fazendo a cobertura.

 

Esse movimento já era esperado. Assim como aconteceu com os coreanos, os carros chineses se tornaram atraentes e confiáveis. Ora, se a China consegue construir satélites, naves espaciais e até estação orbital, por que não conseguiria desenvolver um automóvel? Não existe mais dúvidas sobre a capacidade tecnológica chinesa, mas no mercado de carros a distância entre o fabricante e o consumidor é um pouco mais complexa, por isso nem todas as marcas fazem sucesso.

 

No Brasil, apenas três marcas chinesas atuam no mercado de automóveis: a Chery, a JAC e a Lifan. Desde que teve 50% de suas ações adquiridas pela Caoa, a Chery ganhou quatro novos modelos e passou a disputar de igual para igual com algumas marcas tradicionais. Nos dois primeiros meses de 2019, a Caoa Chery emplacou 2.310 carros no Brasil, contra 329 da JAC Motors e 114 da Lifan. A Gelly saiu do mercado em 2018, não por culpa dos veículos, que eram bons, mas por decisão estratégica do Grupo Gandini, importador da coreana Kia Motors. A vantagem da Chery é que todos os seus carros são fabricados no Brasil, nas fábricas do Grupo Caoa em Jacareí (SP) e Anápolis (GO), enquanto os da JAC e da Lifan são importados.

 

Quatro modelos da Caoa Chery dominam o mercado de carros chineses no Brasil: Tiggo 2 (com 1.107 vendas em janeiro e fevereiro), QQ (492 emplacamentos), Tiggo 5x (387 vendas em apenas um mês) e Arrizo 5 (com 285 licenciamentos). Em seguida aparecem os dois únicos modelos que merecem atenção por parte da JAC: T40 (com 192 vendas) e T50 (com 101). O Lifan X60 vem em sétimo lugar com 83 emplacamentos. Depois aparecem o Caoa Chery Tiggo 7, com 38 vendas em um mês, e o Lifan X80, com 30 licenciamentos em dois meses.

 

Bom pós-venda

 

Se os carros chineses já são uma realidade em termos técnicos, os consumidores passam a considerar outros aspectos na hora de comprar um modelo criado ou produzido na China. E os principais itens são o valor de mercado e a assistência técnica. Nesse aspecto, a Caoa Chery leva grande vantagem sobre as demais marcas chinesas. Primeiro, porque é uma associação entre um grupo brasileiro e um chinês estabelecido no Brasil (as outras duas são importadas); segundo, pela própria força da marca Chery na China.

 

Apesar de ser um país com forte controle estatal, a China tem um mercado bastante competitivo. Das três marcas presentes no Brasil, a Chery é a que mais vende, com 443,7 mil emplacamentos em 2018. A JAC comercializou 185,2 mil e a Lifan recuou para 58,2 mil unidades anuais, depois de vender 108,2 mil em 2017. Mesmo assim, a Chery ocupa a 19ª posição no ranking. A JAC está em 27º e a Lifan está no 45º lugar.

 

Elétricos

 

Porém, o mercado de automóveis está mudando radicalmente e não será surpresa se uma marca chinesa brigar de igual para igual com as tradicionais quando a eletrificação for uma exigência de todos os governos. Afinal, dos 1,2 milhão de carros elétricos vendidos no mundo, nada menos de 600 mil rodam na China.

 

Para se ter uma ideia, desde 2010, a montadora Chery já acumulou mais de 430 patentes em tecnologias para veículos elétricos e 208 delas estão ativas. No primeiro semestre de 2018, a Chery cresceu 250% nas vendas desse segmento e atualmente ocupa a oitava posição no ranking mundial de veículos elétricos. Isso porque o nível de poluição em algumas cidades, como Pequim e Tianjin, é tão grande que o emplacamento de carros novos a combustão é limitado em 100 mil unidades anuais.

 

Modelos como o eQ1, eQ, Tiggo 2e e Arrizo 5e despertaram grande curiosidade do público no último Salão de São Paulo e houve especulações (não confirmadas) de que o Tiggo 2e poderia custar R$ 50 mil no mercado brasileiro, se o governo incentivasse esse mercado. (O Dia)