Trabalhadores esperam por um comprador

O Estado de S. Paulo

 

Os cerca de 4,5 mil trabalhadores da Ford no ABC paulista – 3 mil diretos e 1,5 mil terceirizados – depositam as esperanças em manter os empregos nas negociações que estariam em andamento entre grupos interessados em adquirir a fábrica.

 

Desde o anúncio do fechamento, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC orientou os trabalhadores a não retomarem as atividades por questões de segurança. “Há riscos de acidentes, pois como alguém vai conseguir trabalhar numa situação dessas?”, justificou o presidente da entidade, Wagner Santana.

 

Desde então, os trabalhadores têm realizado diversos protestos em assembleias e passeatas pela cidade. Na terça-feira, será realizada nova assembleia nos portões da fábrica.

 

Na quinta-feira à noite, Santana e outros dirigentes do sindicato estiveram com o governador João Doria (PSDB) e ouviram dele que as negociações estão em andamento e que foi assinado um termo de confidencialidade entre a montadora e um dos grupos interessados.

 

Logo após o anúncio do encerramento das atividades, Doria se comprometeu a buscar um investidor interessado em manter no local atividades produtivas e, assim, garantir os empregos. Ele disse ter falado com três empresas, duas multinacionais que não tiveram os nomes divulgados e uma brasileira, o Grupo Caoa, que tem fábricas em Anápolis (GO), onde produz caminhões e automóveis da marca Hyundai, e em Jacareí (SP), onde produz carros em parceria com a Chery.

 

O presidente do grupo Caoa, Mauro Correia, disse na semana passada que as discussões são incipientes. “Ainda estamos avaliando, tentando entender o processo, e isso leva tempo”.

 

Indenizações. Santana informou que tem se reunido com a direção da Ford para negociar o encerramento dos contratos dos funcionários, pois, havendo um comprador, será necessário fechar um contrato e iniciar outro. “Estamos atentos para fechar um acordo que seja justo para esses trabalhadores”, disse. “A Ford tem um preço a pagar por sua decisão”.

 

A montadora disse ter reservado US$ 460 milhões (cerca de R$ 1,7 bilhão) para pagar indenizações a trabalhadores, fornecedores e revendedores. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)