Caoa fecha acordo de confidencialidade em negociação com Ford

O Estado de S. Paulo/Reuters

 

A montadora brasileira Caoa assinou um acordo de confidencialidade para negociar uma potencial compra da fábrica da Ford em São Bernardo do Campo (SP), de acordo com fonte familiarizada com a questão. A Caoa já é a maior distribuidora da marca no País.

 

As negociações não seriam finais, mas são um sinal de que as duas empresas estão mais próximas de chegar a um acordo, disse a fonte.

 

A Caoa, que começou como uma cadeia de concessionárias, expandiu-se para a fabricação nos últimos anos, primeiro como parceira da coreana Hyundai no País e mais recentemente comprando metade de uma fábrica originalmente desenvolvida pela chinesa Chery.

 

Em fevereiro, a Ford anunciou que iria fechar a fábrica, a mais antiga de sua propriedade no Brasil, em meio a um plano de reestruturação global, com a demissão de um total de 4,5 mil trabalhadores, entre diretos e indiretos.

 

A empresa ligou a decisão à necessidade de retomar a lucratividade sustentável de suas operações na América do Sul, onde afirmou ter registrado prejuízos de US$ 4,5 bilhões (cerca de R$ 16,6 bilhões) entre 2013 e 2018. O Brasil responde por cerca de 60% das vendas da marca na região.

 

O anúncio do fechamento da unidade no ABC – uma planta histórica, que estava nas mãos da empresa americana há 50 anos – provocou uma campanha liderada pelo governador de São Paulo, João Doria, para encontrar um comprador para o local. O ativo teria atraído, até agora, três interessados.

 

A unidade de São Bernardo do Campo – que produzia caminhões e também o veículo Fiesta, que tem vendas fracas e será descontinuado pela montadora – está com a linha de produção parada desde 19 de fevereiro, quando a Ford anunciou o fechamento da planta. Trabalhadores e sindicatos têm realizado protestos. Líderes sindicais e chegaram a negociar a reversão da decisão com a montadora nos EUA, sem sucesso.

 

A Ford se recusou a comentar sobre o acordo de confidencialidade. Procurada, a Caoa não respondeu às solicitações de contato ontem. (O Estado de S. Paulo/Reuters)