Consórcio cresce impulsionado por cotas de serviços e bens duráveis

DCI

 

Os créditos comercializados em consórcios totalizaram o valor de R$ 7,801 bilhões em janeiro, um avanço de 11,2% ante a igual mês de 2018. As cotas de serviços (+53,8%) e de eletrônicos e outros bens duráveis (+28,4%) tiveram altas em participantes ativos.

 

Dados recentes da Associação Brasileira das Administradoras de Consórcios (Abac) apontam que, apesar de ainda corresponderem a uma parcela baixa do total de mercado, as cotas de serviços (que envolvem reformas, plásticas, viagens, etc.) foram as que mais demonstraram crescimento no número de participantes ativos em janeiro. O avanço foi de 53,8% no primeiro mês deste ano contra igual período de 2018, de 52,5 mil para 80 mil consorciados na modalidade.

 

Em seguida vieram as cotas de eletrônicos e outros bens duráveis, que tiveram aumento de 28,4% no volume de participantes ativos, de 33,5 mil para 43 mil na mesma relação. A venda total de novas cotas no sistema subiu 4,9% em igual comparação, de 182 mil para 191 mil.

 

De acordo com o vice-presidente de negócios da Embracon, Luís Toscano, o crescimento na linha de serviços vem tanto pela entrada de novas administradoras na atuação de venda das cotas como pelo ticket menor.

 

“Quando falamos sobre a prestação de serviços, você abre um leque de possibilidades na contratação. Além disso, há um movimento mais forte de entrada das administradoras no produto que tem feito com que o segmento ganhe espaço no mercado”, afirma o executivo. Ao mesmo tempo, a retomada da economia também abre espaço para os consórcios de imóveis e de veículos, ambos os líderes em demanda e oferta no sistema. Veículos leves, por exemplo, registraram 3,650 milhões de participantes ativos em janeiro um aumento de 3,5% ante igual mês de 2018 (de 3,525 milhões). As cotas de imóveis, por sua vez, somaram um total de 887,5 mil clientes, alta de 6,4% na mesma base de comparação (834 mil).

 

Segundo o presidente executivo da Abac, Paulo Rossi, apesar de os números consolidados corresponderem apenas ao primeiro mês de 2019, as expectativas são positivas para os próximos meses.

 

“Já notamos uma maior confiança no consumidor, elevando suas intenções de compra e também boas perspectivas para a economia, como a aprovação da reforma da Previdência no Congresso. É só o começo do ano, mas estamos muito animados com os rumos do País e isso também refletirá no nosso resultado”, diz.

 

Já para o superintendente de marketing e clientes da Rodobens, Francisco Coutinho, é exatamente a volta do mercado imobiliário ante a recuperação econômica do País que tende a impulsionar o segmento de consórcios em 2019.

 

“Já começamos a sentir um aumento na demanda pelo produto, que vem naturalmente com essa melhora de perspectiva futura. Cresce a procura de cotas para imóveis comprados na planta e também por investidores”, avalia Coutinho, referindo-se ao movimento de compra de consórcio imobiliário para o uso da locação como renda mensal.

 

“A tendência é de crescimento e só em 2018, segundo dados do sistema brasileiro de poupança e empréstimos, de cada quatro imóveis, um foi adquirido pelo nosso sistema. E o movimento de investimentos continua como uma tendência. É uma forma de aumentar o patrimônio sem se descapitalizar”, complementa Toscano, da Embracon.

 

Mercado secundário

 

Ao mesmo tempo em que o uso do consórcio como investimento cresce entre os consumidores, os especialistas comentam a necessidade de atenção para o mercado secundário que começa a ganhar espaço no segmento, com a venda de cotas já contempladas para ganho no ágio.

 

Segundo Toscano, o método tem sido feito inclusive por empresas que surgem online e já existem estudos dentro do sistema para que todo esse processo seja mais “sistematizado”. “O mercado secundário existe e a tendência é que cada vez mais atores do setor, inclusive a própria Abac, olhem para esse viés do segmento de forma a fazê-lo cada vez mais justo”, pondera o executivo.

 

De acordo com o presidente da Abac, Paulo Rossi, porém, a associação entende que é uma relação existente entre as empresas que fazem a venda de cotas contempladas, os consumidores e até mesmo as próprias administradoras e, por isso “não tem acompanhado isso muito de perto”.

 

“Mas tentamos disseminar a ideia de que, qualquer que seja o tipo de comercialização da cota, que seja feita sempre com a anuência da administradora, principalmente se for feita enquanto o grupo de consórcio ainda existe, já que a capacidade de pagamento e análise de risco muda de um consorciado para outro”, diz. (DCI/Isabela Bolzani)