AutoIndústria
Tudo indica que o aumento de 10% para 15% do volume de biodiesel no diesel comercial até 2023, aprovado pelo do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), ainda será alvo de muito debate. Depois de Anfavea emitir desaconselhar o aumento da proporção, nesta segunda-feira, 18, foi a vez da Abiove, Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais, e da Aprobio, Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil, manisfestarem-se favoravelmente à alteração.
Segundo as entidades, “o sucesso operacional do aumento da proporção de biodiesel no diesel comercial de 8% para 10%, em vigor desde março de 2018, mostra que o Brasil está no caminho certo”.
“Não só o biodiesel vem garantindo segurança de fornecimento, como também menores custos aos consumidores, com redução de preços no longo prazo’, afirmam em nota. “A decisão do CNPE está alinhada com a estratégia de diversos países do mundo, que utilizam misturas superiores ao aplicado hoje no Brasil.
O aumento da adição de biodiesel será gradativo. Em junho deste ano será autorizada a elevação dos atuais 10% para 11% e, somente em 2023, atingirá 15% – o B15. “Esse cronograma foi definido em um amplo processo de diálogo entre os diversos setores e agentes econômicos envolvidos. É um trabalho conduzido com ética, seriedade, transparência, amparo técnico e compromisso de construção de soluções em benefício do Brasil, dentro dos prazos estipulados pela legislação”, dizem as representantes dos produtores de biodiesel.
As entidades argumentam que, até a adoção efetiva do B15, há tempo suficiente e fóruns adequados para discussão e implementação de eventuais ajustes. “Os estudos realizados até o momento com B15 mostram que a maioria das fabricantes não registrou qualquer problema real no funcionamento dos veículos. Foram observadas questões pontuais em alguns testes, restritos a poucas empresas.”
A Anfavea reconheceu em nota que alguns testes não apresentaram alterações, “porém é consenso entre as montadoras […] que, caso algum teste apresentasse problemas, a indicação da indústria automobilística seria para não elevação do teor de biodiesel.
Os testes, diz a Anfavea, mostraram que, com 15% de biodiesel no óleo diesel comercial, “os veículos poderão apresentar danos ambientais, aumento de custo operacional para o transportador e impactos para a segurança do veículo. Principalmente para a frota em circulação que não está adaptada para o novo teor de biodiesel”.
As montadoras também asseguraram que a “disponibilidade de combustível era limitada” para os testes necessários. Daniel Furlan Amaral, economista-chefe da Abiove, diz que a entidade fou surpreendida com essa afirmação. “Temos os contratos, comunicados e e-mails que compravam que fornecemos tudo o que nos foi pedido. Foram destinados 1 milhão de litros para as montadoras e fornecedores de autopeças”, contrapõe Furlan.
De acordo com o representante da Abiove, o interesse dos produtores de biodiesel, de qualquer maneira, é seguir colaborando. “As divergências estão no campo técnico ainda. O que nos interessa, no final, é que tenhamos um produto que seja reconhecido pela alta qualidade”. (AutoIndústria/George Guimarães)