Zero Hora
Na mesma semana em que encaminhou pedido de recuperação judicial, a Foton Aumark do Brasil anunciou sua intenção de retomar a construção de montadora de caminhões em Guaíba. Conforme o CEO, Marcio Vita, era necessário “resolver o passado” para dar um passo para o futuro. O plano é retomar a obra de R$ 100 milhões, entre prédio e equipamentos, em meados de 2019.
Retomada
“A decisão de ter uma fábrica no Estado está tomada há anos, em nenhum momento desistimos da operação. Temos compromissos com a marca chinesa, com o Rio Grande do Sul e o governo federal. O mais importante de tudo é que o produto tem aceitação de mercado bem relevante. Além de uma marca grande que pretendemos introduzir aqui. Ainda não há movimentação em Guaíba, mas isso vai ocorrer ao longo de 2019. Serão oito meses de construção, mais seis meses para equipar e fazer testes. No meio de 2020, a fábrica estará preparando os primeiros caminhões. O investimento ainda não está totalmente definido, mas deve ser na faixa de R$ 100 milhões.
Atraso
“O que houve foi uma crise geral no setor de caminhões. Por isso, não conseguimos atingir o volume mínimo que estimamos para começar as operações e sustentar Guaíba. Fizemos um desvio em parceria interessante com a Agrale (empresa de Caxias do Sul que está produzindo caminhões Foton de forma terceirizada). Assim que voltarmos aos patamares de venda de 2014/2015, a saída da Agrale passa a ser necessária.”
Os chineses
“Hoje, a empresa que representa a marca tem 100% de capital nacional, com Luiz Carlos Mendonça de Barros como investidor. Temos independência total. O apoio dos chineses é em tecnologia, desenvolvimento e fornecimento de produtos. Até agora, os chineses participaram na nacionalização dos caminhões, que têm 70% de conteúdo local. O investimento em engenharia e ferrarmental chegou a R$ 20 milhões. A intenção era de que, em algum momento, assumissem a produção. A gente teve de assumir por conta do Inovar-Auto (regra anterior do setor automotivo). Eles ficaram incertos com o que estava acontecendo no país. Em 2018, abriram uma subsidiária aqui, e em 2019 deve ocorrer essa fusão de empresas ou venda de participação. Vai haver a transição definitiva em 2019”.
A fábrica
A vontade da Foton de estar aqui é indiscutível. Tem incentivo para exportar, necessita ter uma fábrica aqui.
“Certeza absoluta de tudo ninguém tem, mas há uma lógica. Estou no projeto desde 2009. A intenção dos chineses é de estar no Brasil. A Foton não está em 19 dos 20 maiores consumidores de caminhões no mundo. O Brasil é um dos maiores mercados para estar, e já houve investimento altíssimo para internacionalizar a marca. A vontade da Foton de estar aqui é indiscutível. Tem incentivo para exportar, necessita ter uma fábrica aqui. Estar na Agrale justifica até certo volume, depois fica caro. Não faz sentido não ter, então a fábrica vai sair.”
Reestruturação
“A Foton teve grandes perdas. Havia endividamento alto, foi preciso negociar com bancos. Chega uma hora que não dá mais. Foi preciso fazer o pedido de recuperação judicial para alinhar o passado e preparar nosso futuro. Se não tivermos um futuro bem equacionado, fica tudo muito questionável. As dívidas somam R$ 140 milhões e inclui um grupo empresarial formado por três empresas, Foton Aumark do Brasil, Pouso Alegre, acionista majoritária da Foton, e uma concessionária em São Paulo, a LCM Caminhões. Teremos 60 dias para apresentar o plano aos credores.”
Vendas
“Estamos com uma média de 25 a 30 unidades por mês, entre importados e nacionais. No melhor momento, havíamos chegado a 120/150 por mês. No pior, a média foi de 8 ou 9. Nos últimos 14 meses foi instável, mas nos últimos 60 dias a recuperação foi mais intensa. Temos 19 concessionários exclusivos, a ideia é chegar com 26 no final deste ano”. (Zero Hora/Marta Sfredo)