O Estado de S. Paulo
A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) projeta um crescimento de 5,2% nas vendas do varejo ampliado (inclui setores automotivo e de materiais de construção) no ano que vem. Em 2018, a alta deve ser de 4,5%.
“Estamos apostando em um crescimento maior para o ano que vem porque a expectativa em relação à economia capturada pelo relatório Focus é de um crescimento do PIB superior a 2%. Como o consumo das famílias é o principal agregado na formação do número, se o PIB vai crescer, o consumo tem que acompanhar esse ritmo”, explica Fabio Bentes, chefe da divisão econômica da Confederação.
Já entre os empresários, a expectativa é ainda mais positiva. O Índice de Confiança do Comércio (ICOM), monitorado mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE), atingiu, em novembro, o maior valor desde março de 2014.
Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), apresenta projeção similar à da CNC. Para ele, o comércio deve registrar crescimento real de 4 a 6% em 2019 – “mais para 6% do que para 4%”, afirma.
Mas Terra faz uma ressalva. “Para mim, no ano que vem não vai ter meio termo. Temos nos 100 primeiros dias de governo uma agenda muito importante de aprovação de reformas”, diz. “Se elas forem aprovadas, o crédito vem, que é de certa forma o que os bancos vêm aguardando. Retoma-se o investimento, as empresas crescem.”
No entanto, sem a aprovação das reformas, Terra aposta em um crescimento do PIB em torno de apenas 1%, refletindo negativamente no comércio. Para ele, uma forma de fomentar o crescimento do comércio é melhorar as políticas de concessão de crédito a varejistas.
No Sebrae, a expectativa para 2019 também é positiva. Guilherme Afif Domingos, diretor-presidente da entidade, analisa que o comércio e o serviço devem puxar a reação da economia no próximo ano, levados por uma melhora na expectativa do consumidor. “Isso se reflete diretamente no comércio. Quando ele começa a reagir, melhora também a indústria”, avalia.
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), medido mensalmente pelo FGV IBRE, aponta para a mesma direção. O número atingiu, em novembro, seu maior patamar desde julho de 2014.
E o reflexo deve ser positivo também no emprego. A CNC estima que o destravamento de investimentos represados no período de incerteza será importante na geração de milhares de vagas também no comércio.
Quem está pensando em abrir ou ampliar seu negócio no setor em 2019 precisa lembrar que o cenário positivo também aumenta a saturação do mercado. “Tem oportunidade, mas, com menos barreiras, tem também mais concorrência”, avalia Marcelo Aidar, coordenador do curso de Empreendedorismo e Criação de Novos Negócios do FGV Tec.
Depois de cumprir o que Aidar chama de “exigências básicas” – entre elas ter experiência na área, fazer planejamento do investimento e estudar o mercado – o empreendedor precisa inovar. “Desde produto, serviço, modelo de negócio. O que a gente sugere é identificar quais são as ‘dores’ do cliente. Os empreendedores que têm esse contato próximo, que estão ‘com a barriga no balcão’, como falamos, são capazes de entender o cliente e fazer mudanças mais rápido que os outros”, afirma. (O Estado de S. Paulo)