Reuters
A Renault pediu que a Nissan pare de contatar os executivos da montadora francesa antes da reunião do conselho na quinta-feira, enquanto a empresa japonesa tenta compartilhar evidências de irregularidades cometidas por seu presidente do conselho deposto Carlos Ghosn, disseram duas fontes.
Desde a prisão de Ghosn em 19 de novembro no Japão, a Renault e o governo francês exigiram ver as descobertas de uma investigação interna da Nissan que inclui alegações de má conduta financeira do executivo de 64 anos.
Ghosn foi acusado na segunda-feira no Japão por subdeclarar sua renda durante cinco anos até março de 2015. Embora tenha sido demitido do cargo de presidente do conselho da Nissan dias após sua prisão, ele continua como líder do conselho e presidente-executivo de sua sócia francesa.
A Nissan é 43,4% detida pela Renault, embora seja quase 60% maior em vendas. A japonesa detém uma participação de 15% sem direito a voto na empresa francesa. O maior acionista da Renault é o Estado francês, com uma fatia de 15%.
O conselho da Renault se reúne em 13 de dezembro, e as descobertas da investigação da Nissan serão compartilhadas na reunião em que o futuro de Ghosn também poderá ser debatido, disse uma das fontes com conhecimento do assunto.
A empresa francesa pediu à Nissan que não entre em contato com seus diretores antes da reunião, porque tal contato estava fora dos canais acordados para a comunicação das descobertas sensíveis, disse a fonte.
A Nissan se ofereceu na semana passada para informar o conselho da Renault sobre as conclusões do que considera uma prova de irregularidades cometidas por Ghosn, disse uma segunda fonte.
O intercâmbio entre a Renault e a Nissan é outro exemplo da relação turbulenta entre as duas montadoras, apesar das garantias dos executivos de ambos os lados de preservar a aliança. A parceria, da qual Ghosn tem sido a força motriz, é amplamente vista como vital para a sobrevivência de longo prazo das duas montadoras.
Sob pressão do governo francês, Ghosn vinha explorando uma integração mais profunda ou mesmo uma fusão entre a Renault e a Nissan, apesar de fortes reservas na japonesa.
Um porta-voz da Renault e o Ministério das Finanças da França não comentaram o assunto. (Reuters/Ritsuko Ando e Laurence Frost)