Argentina frustra estimativa de produção de carros no Brasil

O Estado de S. Paulo

 

A produção de veículos neste ano deve ficar pouco abaixo das 3 milhões de unidades previstas inicialmente pelo setor em razão da queda das exportações para a Argentina. Ainda assim, será o melhor resultado dos últimos três anos, na casa de 2,9 milhões de unidades.

 

Até novembro foram produzidos 2,7 milhões de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, 8,8% a mais ante igual período de 2017. No mês passado a produção foi de 245,1 mil unidades, 1,6% menor do que há um ano.

 

Por outro lado, as vendas no mercado interno vão superar as projeções das montadoras, de 2,5 milhões de unidades. “A última previsão era de alta de 13,7%, mas vamos ficar próximo dos 15%”, diz Antonio Megale, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

 

Até novembro foram vendidos 2,33 milhões de veículos, 15% a mais que em 2017, e Megale acredita que neste mês as vendas cheguem a 250 mil unidades, com resultado anual próximo de 2,6 milhões de veículos. Para 2019 ele prevê nova alta, de 10% a 12%. “Há mais confiança entre os consumidores, a concessão de crédito aumentou e a inadimplência é a mais baixa da história, de 3,4% (dos contratos).”

 

“Se o novo governo fizer as reformas necessárias, como a da Previdência, o mercado vai crescer ainda mais e poderemos ter um mini boom de vendas”, afirma Pablo Di Si, presidente da Volkswagen do Brasil e América Latina. Ele conta que se reuniu recentemente com investidores nacionais e estrangeiros e constatou que “estão olhando para o Brasil com muita confiança em 2019”.

 

As vendas da Volkswagen cresceram acima do mercado – 39% –, e o mesmo movimento deve se repetir em 2019, com a chegada de novos produtos, especialmente o utilitário-esportivo (SUV) T-Cross, prevê Di Si.

 

Exportações

 

O que mais desapontou a indústria foram as exportações, já que o setor esperava volume recorde de cerca de 800 mil unidades, mas o resultado não deve superar 650 mil unidades.

 

Os embarques para a Argentina, que responde por 70% das exportações brasileiras de carros, caíram 16% até novembro (de 490 mil para 412 mil). As exportações para o México, segundo maior comprador, tiveram queda de 44% (de 84,8 mil para 47,5 mil). Também caíram as vendas para Uruguai (-17%) e Peru (-11,7%). Entre os principais clientes da região, só ampliaram compras o Chile (28,3%) e a Colômbia (25%).

 

“Nossa expectativa é que a situação econômica da Argentina comece a melhorar a partir do segundo semestre”, diz Megale. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)