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O setor de implementos rodoviários obteve crescimento acima do esperado em 2018, puxado pelo segmento de pesados. A renovação da frota e a demanda do agronegócio são os principais fatores para a recuperação do mercado.
“Desde o final de 2017, começamos a ter pedidos novamente. A previsão de crescimento era de 20% e, para nossa surpresa, o mercado cresceu muito mais, acima de 50%”, afirma o presidente da Librelato, José Carlos Spricigo. De acordo com dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários (Anfir), o setor teve avanço de 53% nos emplacamentos no acumulado de janeiro a outubro.
Enquanto o segmento de reboques e semirreboques obteve incremento de 80%, o de carrocerias sobre chassis (leves) foi 33% superior ao mesmo período de 2017.
O presidente da Anfir, Norberto Fabris, destaca que o ano representou apenas uma recuperação após a grave crise que atingiu o setor nos últimos quatro anos. “Tivemos uma queda muito acentuada de 2014 em diante. Ainda não atingimos os patamares pré-crise, mas foi uma recuperação positiva, principalmente na linha pesada”.
O dirigente explica que esse segmento tem resultados mais alinhados com setores da economia que estão apresentando bom desempenho, como o agronegócio, enquanto a recuperação do mercado urbano está mais lenta.
O sócio-diretor da 4Truck, Osmar Oliveira, conta que a empresa, mais voltada para a linha leve, cresceu acima do mercado. “Tivemos 100% de aumento em relação ao ano passado. O financiamento, muito importante para o setor, ficou mais facilitado e houve um movimento maior de renovação de frota”.
Devido à crise, muitas empresas atrasaram as compras de novas carretas e carrocerias, o que gerou uma demanda reprimida. “As grandes empresas costumam renovar em três a cinco anos, mas muitas delas deixaram de fazer esses investimentos para pagar despesas mais urgentes e a frota ficou envelhecida”, conta Oliveira. Ele conta que as principais demandas da linha leve vêm dos setores de medicamentos e do e-commerce.“Também há um interesse grande por unidades móveis, como foodtrucks”.
Projeções para 2019
Fabris avalia com otimismo o cenário para o próximo ano. “Projetamos um crescimento de 10% a 15% sobre 2018, ficando mais perto de um nível de mercado que o Brasil já teve antes da crise”.
Segundo ele, a perspectiva positiva se justifica por novos bons resultados da safra agrícola e da recuperação da construção civil. “É uma área que pode puxar o mercado. Nós acreditamos em uma retomada da economia”.
Spricigo espera que, com a troca de governo federal, ocorra uma movimentação no setor de infraestrutura. “Mesmo com dificuldades orçamentárias, esperamos que as obras paradas sejam retomadas. A construção é um setor que precisa voltar, a venda para o transporte de cimento praticamente não está existindo.” O executivo também destaca a importância da reforma da previdência. “O novo governo veio com essa vontade. É fundamental para dar governabilidade para os próximos quatro anos. Estamos otimistas, mas com os pés no chão”.
Ele revela que há uma procura de empresas que, em função do tabelamento do frete, avaliam contar com uma frota própria de caminhões. “Estão ocorrendo consultas, acredito que as compras vão ocorrer no próximo ano.” Porém, Spricigo não tem certeza de que esse movimento será duradouro. “Os tribunais estão contestando o tabelamento. Vamos esperar para ver”.
Oliveira vê com bons olhos a movimentação de montadoras de caminhão para os próximos anos. “As grandes companhias estão anunciando investimentos. Nosso País depende do transporte e acredito que os próximos três anos serão fortes para a economia”.
Ele também espera uma retomada da construção civil. “É um setor que demanda caçambas e carrocerias abertas. Vai depender de ações do governo para impactar a compra de imóveis, mas vejo que o setor está confiante”. (DCI/Ricardo Casarin)