Grupos de montadoras alertam que tarifas dos EUA minam novo acordo do Nafta

Reuters

 

Montadoras norte-americanas e fornecedores de autopeças pediram nesta quinta-feira que o governo de Donald Trump acabe com as tarifas sobre aço e alumínio impostas ao México e Canadá, alertando que a potencial taxação de importações de automóveis por motivos de segurança nacional resultaria em uma perda generalizada de empregos.

 

Em depoimento na audiência da Comissão Internacional de Comércio dos Estados Unidos sobre o pacto para substituir o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta, em inglês), vários grupos automotivos citaram indícios de que a imposição de tais tarifas seria inevitável.

 

E o fracasso do novo acordo entre EUA, México e Canadá (USMCA, em inglês) para suspender as tarifas de aço e alumínio custou à indústria bilhões de dólares, enquanto turbulências comerciais paralisaram as decisões de investimento, disseram.

 

“O estado atual do comércio colocou nossa indústria em turbulência. No último ano nossos membros enfrentaram tarifas sobre aço e alumínio nos termos da seção 232, outras tarifas propostas sob a seção 232, e tarifas sob a seção 301 para bens da China”, disse Ann Wilson, vice-presidente sênior de assuntos governamentais da Associação de Fabricantes de Motores e Equipamentos.

 

O governo de Trump considera recomendações do Departamento de Comércio sobre a possível imposição de tarifas por motivos de segurança nacional nos termos da seção 232 do Ato de Expansão do Comércio de 1962.

 

Nenhuma decisão foi tomada, mas o presidente Trump ameaçou diversas vezes impor tarifas de 25% sobre automóveis e autopeças para pressionar a União Europeia e o Japão a fazerem concessões comerciais aos Estados Unidos.

 

“Se implementadas, as tarifas crescentes sobre o setor automotivo não apenas minarão o potencial sucesso do USMCA como também representarão ameaça material à economia e podem gerar perda de até 700 mil empregos em todo EUA”, afirmou Jennifer Thomas, vice-presidente de assuntos governamentais da Aliança de Fabricantes de Automóveis.

 

“A ameaça de tarifas adicionais sobre automóveis e autopeças nos termos da investigação da seção 232 que o Departamento de Comércio está conduzindo paira como uma espada sobre nossa indústria e complica qualquer avaliação do USMCA”, acrescentou John Bozzella, presidente da Associação Global de Montadoras, que representa marcas estrangeiras com linhas de produção nos EUA.

 

“Em nossa visão, não há justificativa confiável para a ideia de que as importações automotivas ameaçam nossa segurança nacional – de fato, o crescimento de montadoras internacionais nos Estados Unidos durante os últimos 25 anos prova o contrário”, disse Bozzella. (Reuters/David Lawder e David Shepardson)