AutoIndústria
O Grupo SHC, conglomerado que inclui a JAC Motors Brasil, entrou com pedido de recuperação judicial no começo deste mês. Apesar disso, o presidente Sérgio Habib não alterou seus planos mais imediatos para os veículos que traz da China e, nesta semana, lançou o utilitário esportivo T50. Mais ainda sinalizou que quer avançar no mercado.
“Vamos trazer também o utilitário esportivo de sete lugares T80 em janeiro e , em meados de 2019, importaremos uma picape e também veículos elétricos”, assegura o executivo.
Essa múltipla cartada de fim de ano de Habib deixa transparecer que — como alegou após ter entrado na Justiça de São Paulo em 1º de novembro — sua ideia é manter a operação JAC saudável, à despeito das atuais dificuldades do grupo.
Para isso, mostrar aos consumidores que nada mudou no cronograma de lançamentos era medida mais do que necessária. Mas, mais arrojado ainda, Habib afirma que apostará em dois novos segmentos, ambos bastante complexos.
Por exemplo: a picape anunciada, conhecida por T8 na China e que aqui terá outra nomenclatura, disputará clientes com Ford Ranger, Toyota Hilux, Volkswagen Amarok, só para ficar em três modelos que, assim como a futura representante da JAC, também têm motores a diesel e podem carregar 1 tonelada de carga.
A outra vertente ainda é uma incógnita até para as demais montadoras. A JAC pretende trazer para cá o EV 6 S, na verdade uma versão elétrica do conhecido T40. E Habib até antecipou seu preço: R$ 130 mil. “Será o carro elétrico mais barato do Brasil”, afirma o executivo, comparando com valores recentemente anunciados de Renault Zoe, Nissan Leaf e Chevrolet Bolt.
Apesar da determinação e da coragem de revelar o preço pelo menos oito meses antes do início das vendas do modelo, Habib admite não ter a menor ideia de quantas unidades poderá vender. “Quem pode saber? Vamos entrar neste segmento como as demais. De repente, vendemos bem no começo e depois nem tanto. Ou não!”
A única certeza que o presidente do Grupo SHC diz ter é de que o mercado brasileiro total voltará a crescer em 2019. Calcula ser possível chegar a até 2,8 milhões de veículos leves contra uns 2,5 milhões deste ano. “E estou otimista que o crescimento continuará nos dois anos seguintes”, diz Habib, que contabiliza 3,4 mil veículos negociados de janeiro a outubro, avanço da ordem de 21% contra 14% de média do mercado.
Cerca de 20% das vendas da JAC em 2018 se deveram ao T5, modelo que agora passa a ser conhecido com T50 e que chega às revendas com apenas dois pacotes de conteúdos e acabamento que custam R$ 84 mil e R$ 88 mil. A diferenciá-los, em especial, confortos como tela multimídia de 8 polegadas, câmera 360 graus, sensor crepuscular e câmera de ré na opção mais cara. Mas já a de entrada dispõe, por exemplo, de revestimento dos bancos em couro sintético e toda a sorte de dispositivos eletrônicos de segurança.
A evolução com relação ao T5 é visível não só no nível de conteúdo e na carroceria, que ganhou novos desenhos para a dianteira e traseira, mas principalmente sob o capô. O T50 tem motor 1.6 16V DVVT de 138 cavalos contra o 1.5 de 127 cavalos do antecessor T5. A transmissão é a mesma CVT que simula seis velocidades.
Uma desvantagem técnica do T50 com relação aos principais produtos do segmento de utilitários esportivos compactos que já representam algo como 300 mil em 2018: o motor é apenas a gasolina.
Ainda assim, Habib entende o custo-benefício do T50 é argumento suficiente para abocanhar parte dos clientes de, por exemplo, Nissan Kicks, Jeep Renegade ou Renault Captur. “O T50 oferecerá ao comprador de SUVs abaixo de R$ 90 mil a experiência só vivida até então por consumidores de modelos que custam acima de R$ 110 mil ou R$ 120 mil”, justifica a JAC. (AutoIndústria/George Guimarães)