Veículos de luxo brasileiros enfrentam crise

Jornal do Carro

 

Por que essa análise? Porque o futuro não parece muito promissor para as fábricas de veículos de luxo no Brasil. Ao menos, não por enquanto.

 

Para relembrar: Audi, BMW, Land Rover e Mercedes-Benz instalaram fábricas aqui por causa do Inovar-Auto. O regime automotivo encerrado no ano passado dificultava bastante a “vida” de empresas que não tinham produção local.

 

Como o mercado estava em alta na primeira metade da década, as montadoras de veículos de luxo acabaram decidindo ter fabricação local. A Audi retomou sua planta em São José dos Pinhais (PR), que havia passado a ser usada pela Volkswagen em 2005.

 

A BMW inaugurou planta em Araquari, Santa Catarina, e a Land Rover em Itatiaia, no Rio. A Mercedes não retomou a produção de carros de passeio em Juiz de Fora (MG), onde já produzira o Classe A (primeira geração).

 

Hoje, essa fábrica é ocupada por veículos comerciais. Por isso, a empresa inaugurou uma unidade em Iracemápolis, no interior de São Paulo.

 

Das quatro maiores marcas especializadas em veículos de luxo, a única que não inaugurou fábrica foi a Volvo. Talvez por isso, a sueca agora seja a única desse grupo a estar em alta.

 

Do início ao fim do Inovar-Auto, muita coisa mudou. A principal mudança? O mercado de carros, tanto o de luxo quanto o geral, caiu. Isso porque, a partir do fim de 2014, veio uma crise.

 

Todo o planejamento das montadoras de veículos de luxo, que esperam vender entre 20 mil e 30 mil unidades por ano no País, foi por água abaixo. No ano passado, a campeã entre as marcas premium, Mercedes-Benz, não chegou a 13 mil exemplares.

 

Além disso, o Inovar-Auto, protecionista demais, não deu certo. E, após seu fim, as montadoras que querem “sobreviver” não têm mais de obrigatoriamente produzir aqui.

 

O novo regime automotivo, Rota 2030, em fase de implementação, até oferece algumas vantagens para as marcas de nicho manterem suas fábricas locais. Porém, fontes do blog ligadas às montadoras de luxo já admitiram: hoje, vale mais a pena importar. Mesmo com o dólar alto.

 

A flutuação da moeda afeta também o carro de luxo “made in Brazil”. Isso porque esses veículos são apenas montados aqui, com peças importadas.

 

É por isso que, quando foram nacionalizados, esses carros não tiveram reduções em seus preços, na comparação com os importados.

 

Novos rumos para os veículos de luxo

 

No Salão de Paris, estão expostas algumas novas gerações de veículos de luxo feitos no Brasil. Entre eles há o Audi Q3 e o BMW Série 3.

 

No caso da Audi, é muito remota a chance de nacionalização do novo Q3. A nova geração já está confirmada para o Brasil. Chega no ano que vem, mas importada.

 

O Série 3 também virá em 2019, igualmente importado. Inicialmente, ele será trazido da Alemanha. Depois, pode até começar a vir a versão feita no México. A terceira planta a produzir o modelo será na China. Brasil? Ao menos por enquanto, sem chance.

 

E o que acontecerá com as atuais gerações de Q3 e Série 3? Será que elas, nacionais, vão conviver com as importadas? Talvez por um preço menor? Algo como Palio e Palio Fire, ou Onix e Onix Joy?

 

Em minha análise, isso seria um tremendo tiro no pé. É uma estratégia que funciona para o segmento de entrada, mas jamais para o de veículos de luxo.

 

Ninguém vai querer comprar BMW e Audi defasados. Ainda mais com as versões mais modernas já disponíveis no mercado.

 

O que vai acontecer com as fábricas?

 

Uma fonte ligada a uma marca de luxo me disse que umas das vantagens do Rota 2030 é incentivar o planejamento de longo prazo. Com isso, a montadora em questão terá mais argumentos para decidir se vai ou não manter sua fábrica.

 

Em minha análise, essas fábricas não vão sobreviver – por mais que as montadoras neguem que elas possam estar próximas do fim. A Mercedes-Benz, que ainda não tem GLA e Classe C novos, deve conseguir continuar produzindo esses modelos por mais dois anos, até que cheguem as próximas gerações.

 

Classe A Sedan no Brasil? Por enquanto, o que se sabe é que o modelo destinado ao País virá do México.

 

A Land Rover, provavelmente, vai além desses dois anos. No caso da Audi, é provável que, em breve, apenas o A3 Sedan continue com produção local.

 

A BMW já parou de fazer o Série 1 por aqui. Deve manter o X1, por enquanto, e o X3. O Série 3, não.

 

Quando as novas gerações chegarem, a aposta é que todas essas plantas encerrem suas atividades – como já havia ocorrido, com Audi e Mercedes, em meados da década passada.

 

Pela segunda vez, o Brasil viveu um sonho de ser polo de produção de carros de luxo. É um feito em tanto, pois nos colocou ao lado de países da Europa, dos EUA e da China.

 

Porém, agora parece que o Brasil “dançou” novamente. Os investimentos das marcas de luxo em países emergentes estão migrando para o México.

 

Mas não pela força do mercado local. O México é polo de produção para os Estados Unidos. (Jornal do Carro)