Estudo adverte União Europeia do risco da poluição do setor automotivo

Diário do Transporte

 

A Europa precisa interromper de vez as vendas de carros a gasolina e diesel antes de 2030 para que o setor automobilístico consiga cumprir seu papel na meta traçada pelo Acordo de Paris, de limitar o aumento da temperatura do planeta a 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais.

 

O alerta é do Centro Aeroespacial Alemão (DLR – Deutsches Zentrum für Luft- und Raumfahrt e.V.), que acaba de divulgar um relatório encomendado pela Ong ambiental Greenpeace. No documento, o DLR afirma que os veículos híbridos plug-in também terão de desaparecer até 2035.

 

Os cientistas da Agência alemã afirmam que as emissões dos veículos mudaram pouco na última década, e a continuar nessa toada a indústria terá esgotado seu orçamento de carbono dentro de cinco a dez anos, a menos que haja uma mudança radical.

 

Horst Friedrich, diretor do DLR, disse ao jornal inglês The Guardian que, diante do orçamento de carbono cada vez menor, “é crucial, no menor prazo possível, colocar no mercado os carros com baixa emissão para renovar a frota”, afirma.

 

O estudo adverte que seriam necessárias “medidas severas” para se obter isso, e ainda assim com uma chance de 66% de se atingir a meta de 1,5 °C – o que inclui promover uma queda nas vendas de carros convencionais este ano, de cerca de 15 milhões, para 5 milhões em 2022.

 

Por este cenário, o último veículo com motor de combustão interna seria vendido em 2028, e os carros movidos a diesel e gasolina teriam se ser banidos das ruas em meados da década de 2040.

 

Além disso, seria necessário haver uma mudança de comportamento da sociedade, que levasse as pessoas a caminhar, andar de bicicleta e a usar o transporte público.

 

Até agora, a comissão europeia propôs um corte de 30% nas emissões de veículos até 2030, embora os Membros do Parlamento Europeu estejam pressionando para elevar esse percentual para 45%.

 

O governo do Reino Unido anunciou que as vendas de todos os novos veículos a gasolina e diesel serão proibidas até 2040, enquanto alguns países, incluindo Alemanha, Irlanda, Índia e Holanda, definiram um prazo mais ambicioso: 2030.

 

Um porta-voz da Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis disse ser difícil prever se os motores alternativos terão uma participação de mercado significativamente alta até 2030. Segundo ele, isso depende de fatores que estão fora do controle dos fabricantes de automóveis, tais como já estar em vigor a infraestrutura de recarga, bem como uma política adequada de incentivos.

 

Os riscos de um aumento de 2 °C

 

Um relatório preliminar do Painel Intergovernamental das Nações Unidas sobre Mudança Climática deixa claro que o aumento de 2 °C no aquecimento global, em comparação a um aumento de 1.5 °C, exporia ao risco de inundações cerca de 10 milhões de pessoas a mais nas áreas costeiras do planeta, com tempestades e danos à agricultura. Além disso o nível global do mar aumentaria mais 10 cm, as ondas de calor seriam mais longas e os eventos climáticos extremos se tornariam mais fortes. O mundo teria um crescimento econômico menor, enquanto a produtividade das colheitas e a disponibilidade da água diminuiriam substancialmente. (Diário do Transporte/Alexandre Pelegi)