O maior acerto de uma montadora francesa

Jornal do Carro

 

O novo C4 Cactus é um dos maiores acertos de uma marca francesa nos últimos tempos. O Kwid, da Renault, também foi um acerto e tanto, e certamente mais eficiente em termos de venda.

 

Na verdade, os dois modelos, novo C4 Cactus e Kwid, usaram estratégias semelhantes: são hatches que podem ser chamados de SUVs. Deu para entender? Explico.

 

Na Europa, o C4 Cactus é hatch médio. O Kwid surgiu na Índia. Por lá, é hatch compacto. Aqui, porém, eles passaram por algumas alterações para poderem ser classificados como SUVs compactos.

 

Não é difícil: basta cumprir algumas regrinhas do Inmetro sobre ângulos de entrada e saída, assim como altura livre do solo (no mínimo 18 cm).

 

A campanha de lançamento do Renault para o Kwid? “O SUV dos compactos”.

 

Com o Kwid, essa história de SUV parece que não “pegou” muito. Ele é um sucesso e tanto, mas por ser um hatch de entrada com ótimos preços, não “O SUV dos compactos”.

 

Com o novo C4 Cactus, porém, a história é bem diferente. Baseado na versão europeia, que por lá substituiu o hatch médio C4, ele ficou mais alto na adaptação para o mercado brasileiro.

 

O visual, no entanto, é igual. Ao menos por fora. Por dentro, o C4 Cactus europeu é um pouco mais bem acabado.

 

Na Europa, apesar de uma alta na demanda por SUVs, lançar um hatch médio faz todo sentido. Afinal, esse segmento é um dos mais populares por lá. Tanto que o carro mais vendido no continente é o Golf.

 

No Brasil, um hatch médio não faz sentido nenhum. Não dá nem mais para dizer que é um segmento que está à beira do abismo. A categoria, na verdade, já morreu.

 

Os remanescentes (Golf, Focus e Cruze Sport6) fazem médias de 200 unidades por mês. Quando vão bem, se aproximam das 500. Hatch médio virou carro de entusiasta.

 

É algo completamente diferente de um hatch compacto, como o Kwid. Embora os SUVs sejam os carros mais desejados do País, os hatches pequenos ainda são os mais vendidos.

 

Na hora de desenvolver o visual do C4 Cactus, um projeto mundial, o que a Citroën fez? Deu ao hatch um estilo de SUV.

 

Querem apostar que time foi responsável pela criação do desenho do carro? O da América Latina, do qual o principal representante é o Brasil.

 

Assim, mesmo na Europa, onde é hatch, o novo C4 Cactus já tinha um visual bastante aventureiro. Um visual parrudo, de SUV. Faltava só aumentar a altura livre do solo para ele ser um SUV completo.

 

Afinal, se fosse para lançar por aqui um hatch médio, seria melhor não se dar ao trabalho.

 

Méritos do novo C4 Cactus

 

Talvez o estilo do novato não agrade a todos, mas ele chama a atenção. Talvez a dianteira seja um pouco polêmica. A traseira, porém, é inegavelmente bonita.

 

Os detalhes pretos contornando toda a carroceria deixam o carro com aparência parruda. São características que remetem à aventura.

 

O principal, no entanto, é a mecânica. Graças ao 1.6 turbo de até 173 cv, o Cactus pode se gabar de ser o SUV compacto mais potente do Brasil. O 2008, da Peugeot, marca irmã da Citroën, tem propulsor com a mesma potência.

 

Porém, ao menos por ora, só o Cactus tem o 1.6 turbo combinado ao câmbio automático de seis velocidades. No 2008, esse propulsor é acompanhado pela transmissão manual.

 

Além da boa mecânica, que deixa o carro rápido em retomadas a qualquer rotação, o novo C4 Cactus é muito bem equipado, e traz central multimídia bem fácil de usar (embora confusa em algumas situações).

 

Além de tudo, por ter características originais de hatch, ele é um dos mais gostosos de dirigir – apesar de a suspensão ser um pouco mole demais.

 

Temos então um SUV rápido (afinal, ele é classificado como SUV), com um belo desenho, cheio de equipamentos, e com preço competitivo. É uma excelente fórmula para conquistar o brasileiro.

 

Além do motor 1.6 turbo, o Cactus traz o 1.6 aspirado, que pode ser combinado aos câmbios manual ou automático. Com isso, “ataca” uma parcela maior de clientes.

 

Problemas

 

Algumas características, porém, podem desagradar o consumidor de SUVs. Apesar de mais alto que o hatch europeu, o Cactus brasileiro não é alto o suficiente.

 

Ao menos, não para deixar o motorista em uma posição de dirigir muito elevada.

 

Além disso, o porta-malas é limitado. E não só por seus 320 litros. O principal problema é que a tampa não vai até o para-choque, o que dificulta a acomodação de bagagens. Nesse aspecto, ele é hatch, não SUV.

 

Essas pequenas falhas, porém, não devem impedir o Cactus de fazer sucesso no País. Nos dias que passei com ele, chamou muito a atenção nas ruas e despertou olhares de admiração.

 

Agora é esperar o mês de outubro, quando as vendas começam, para ver como o novo C4 Cactus vai se sair.

 

Preços e versões

Live 1.6 manual – R$ 68.990

Feel 1.6 manual – R$ 73.490

Feel 1.6 automática – R$ 79.990

Feel Pack 1.6 automática – R$ 84.990

Shine 1.6 THP automática – R$ 94.990

Shine 1.6 THP Pack automática – R$ 98.990

(Jornal do Carro)