O Estado de S. Paulo
Representante das empresas importadoras de combustíveis, a Abicom afirma que suas associadas vão se retirar do mercado de óleo diesel até o fim do ano. Elas consideram insuficiente o preço do produto definido pelo governo em seu cálculo da subvenção ao consumo. “Todo mundo que importar vai ter prejuízo”, disse o presidente da entidade, Sérgio Araújo. Sem a participação dos importadores, há risco de desabastecimento, afirmou. O alerta já havia sido dado pela Petrobrás em audiência pública da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), no dia 17.
A partir de sexta-feira passa a valer nova metodologia de cálculo da subvenção do diesel. A fórmula passará a considerar os custos de frete para trazer o combustível até os portos brasileiros, de tancagem para manter o produto armazenado e de transporte rodoviário até o mercado consumidor. Com isso, o governo esperava atrair importadores para o mercado, para torná-lo mais competitivo. Mas, segundo Araújo, a cotação utilizada como referência para o preço do litro não condiz com a realidade, porque está abaixo da paridade internacional.
Pelas contas da Abicom, se a nova fórmula estivesse valendo nesta terça-feira, 28, o preço de referência do litro do diesel seria de R$ 2,5755, no Sudeste, abaixo dos R$ 2,5956 que seguem a metodologia vigente. “Os preços são piores que os de agosto. Vamos começar a demitir pessoal e, até o fim do ano (período de validade da nova metodologia), não vai ter importação”, disse Araújo.
Na audiência pública do dia 17, a ANP recebeu muitas críticas. No dia, o gerente de Marketing e Comercialização da Petrobrás, Guilherme França afirmou que não via racionalidade econômica na proposta. “Tenho dúvida se teria autorização da diretoria para importar com risco de prejuízo”, afirmou sobre a primeira proposta apresentada.
A agência alterou o texto original da resolução e substituiu a consultoria Platts pela Argus, responsável pela definição das cotações internacionais que balizam o preço de referência do cálculo da subvenção. E acrescentou à fórmula o custo de transporte no Brasil e de tancagem. O texto definitivo foi publicado no Diário Oficial da União desta terça-feira, 28. Procurada, a Petrobrás não informou se mudou sua opinião sobre a metodologia.
O diretor-geral da ANP, Décio Oddone, disse não ter projeção para o preço do diesel a partir do dia 31. “Depende da evolução do câmbio e do petróleo”. (O Estado de S. Paulo/Fernanda Nunes e Denise Luna)