Região do ABC ainda depende dos setores automotivo e petroquímico

Repórter Diário

 

Apesar da diversificação da economia no ABC, com o crescimento do setor terciário e de segmentos industriais, como alimentício e têxtil, a região ainda se mantém dependente das áreas automotiva-mecânica e petroquímica-química quando se trata de comércio exterior. Os números que comprovam o cenário foram apresentados pelo professor Roberto Vital Anau, integrante da equipe de pesquisadores do Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul).

 

“As estatísticas econômicas mostraram o tão pouco que a região avançou na direção de desenvolvimento, desde startups e de outros setores da economia, como da própria indústria aeronáutica, que permitiriam o ABC sair um pouco da dependência exclusiva dos setores automotivo e petroquímico-químico”, afirmou o professor, com base na tese de doutorado apresentada em agosto do ano passado na UFABC (Universidade Federal do ABC).

 

Segundo o professor, desde o início do século 21 até o ano 2016, praticamente durante uma década, 4/5 do total exportado em valor se referiu, primeiramente, a material de transporte (exceto o ferroviário que não é o forte da região), mais produtos de borracha, plásticos e químicos.

 

E na importação o cenário não foi diferente. Entre 70% e 75% do valor importado giraram em torno de material de transporte, máquinas e aparelhos mecânico eletrônicos e elétricos, produtos químicos e metais. “É um recorte muito limitado do movimento de comércio exterior da região, entre importação e exportação, que, inclusive, se destaca no cenário nacional, mas ainda permanece muito concentrado.”, diz o professor.

 

O especialista reconhece os esforços regionais, por exemplo, com a criação da Agência de Desenvolvimento, mas não suficientes para tirar a dependência dos dois segmentos – automotivo e petroquímico. “A intenção era justamente diversificar ao máximo e provocar um processo de inovação e interação com universidades, empresas, sindicatos e governos, a fim de facilitar o desenvolvimento de novos setores”, afirma Vital Anau, ao acrescentar que os números mostraram que os esforços foram bem pouco sucedidos nesse sentido.

 

A opinião foi reforçada por Gisele Yamauchi, que integra a equipe de estudantes do Grupo de Pesquisa do Observatório. “É preciso uma interação entre os atores, governos, universidades e empresas para se conseguir adquirir no campo de pesquisa de desenvolvimento”, aponta. (Repórter Diário/Elaine Granconato)