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O aumento da demanda por ônibus e caminhões no mercado interno vem impulsionando a produção dos fabricantes de motores. O bom desempenho das montadoras vem ficando acima do esperado beneficiando toda a cadeia de fornecedores.
“Está ocorrendo um forte crescimento nesse ano. Por conta da greve dos caminhoneiros, houve uma queda, mas a recuperação veio logo. Há uma necessidade de renovação de frota, que ficou muito antiga com a crise”, diz a analista da Tendências Consultoria Isabela Tavares.
De acordo com dados de julho da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), foram produzidos 58.365 caminhões, mais de 22 mil acima sobre o mesmo período do ano passado. Já a produção de ônibus é de 17.791, cerca de cinco mil unidades superior sobre a mesma base.
Em entrevista para reportagem do DCI no início de agosto, o vice-presidente de vendas, marketing e pós-vendas da MAN Latin America, José Ricardo Alouche, reportou crescimento de 50% no 1º semestre, 20 pontos acima do esperado. “Esse ano a confiança melhorou com a inflação e juros controlados, além da situação cambial favorável às exportações”, disse executivo do grupo que controla a Volkswagen Caminhões e Ônibus.
Na última sexta-feira (9/8) a Cummins Brasil divulgou crescimento de 60% no volume de produção de motores no 1º semestre, com avanço de 38% no segmento de caminhões e 50% no mercado de ônibus. “Estamos muito satisfeitos com esses volumes. A cada três caminhões vendidos no Brasil, um tem motor Cummins”, declarou o presidente da empresa, Luís Pasquotto, em coletiva para jornalistas. Ele também destacou o bom desempenho nas vendas externas, especialmente no segmento para ônibus, que cresceu 19%. “Nos beneficiamos com as exportações das montadoras”. De acordo com a Cummins, a projeção é elevar a produção de motores entre a 40% a 45%. “O segundo semestre do ano passado foi mais forte, por isso o crescimento menor do que no primeiro”, explica o executivo.
Apesar do otimismo, Pasquotto revela certa cautela. “Existem vários fatores que mantém a incerteza do mercado: grau de confiança do investidor e do consumidor caíram, greve dos caminhoneiros, eleições e tensões comerciais globais.” Ele destaca que, apesar de favorecer as exportações, a valorização do dólar sobre o real preocupa. “Isso aumenta nossos custos.” Para Isabela, a perspectiva é de que o mercado de caminhões continue em alta. “Deve ser mais fraco que os primeiros seis meses do ano, mas mantendo a trajetória de crescimento”.
Tabelamento do frete
A analista da Tendências Consultoria acredita que o aumento do frete, causado pelo tabelamento imposto pelo governo, pode ser um fator impulsionador das vendas de caminhões. “O frete prejudica o custo, as empresas podem criar suas próprias frotas para diminuir a dependência da terceirização”.
De acordo com o diretor comercial da Scania Brasil, Silvio Munhoz, houve um aumentou de pedidos de cotação de caminhões, especialmente de empresas do agronegócio. “Há um movimento, mas quando esses executivos descobrem o preço dos implementos e os custos dos motoristas, costumam desistir”, declarou para reportagem do DCI.
O presidente da Suzano Papel e Celulose, Waler Schalk, disse em teleconferência para jornalistas na última quinta-feira (08), que a empresa vai aguardar o posicionamento do Supremo Tribunal Federal sobre a legalidade do tabelamento, mas que não exclui a alternativa de contar com uma frota própria. “Vamos analisar e fazer os cálculos em favor de nossa competitividade”. (DCI/Ricardo Casarin)