Temer celebra Rota 2030, mas setor critica demora à oficialização

Diário do Grande ABC 

 

O presidente da República Michel Temer (MDB) afirmou que o próximo governo terá que continuar as reformas feitas, principalmente, na área econômica. Em discurso realizado ontem na abertura do 28º Congresso e Expo Fenabrave (Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores), em São Paulo, Temer também reafirmou a importância do Rota 2030, programa de incentivo ao segmento automotivo. Apesar disso, fontes do setor ainda se preocupam com os prazos da oficialização.

 

“Temos todas as razões para sermos otimistas, não vamos nos impressionar com o pleito eleitoral. Nós sabemos que quando chega a eleição todo mundo fica preocupado com o que vai acontecer no futuro. Mas nós estabelecemos pilares que nenhum governo que venha conseguirá modificar o que fizemos em reformas, ao contrário, vão ter que continuar as reformas que nós começamos e que não pudemos concluir”, destacou Temer, que foi aplaudido diversas vezes pelo público presente, constituído na maioria por empresários do setor de revenda de veículos.

 

O presidente também lembrou o anúncio do Rota 2030. “O nosso governo vem agindo lado a lado com representantes da indústria e dos trabalhadores, e uma grande conquista foi a Rota 2030. O programa impulsiona diretamente o desenvolvimento da indústria automotiva. Nós queremos que o Brasil produza mais e melhores veículos”.

 

“O programa foi pensado não só para todos os elos da cadeia automotiva, mas também foi focado em garantir ganhos para a sociedade brasileira. Nos próximos 15 anos, a indústria deve concentrar esforços para que tenhamos carros cada vez mais eficientes. Um dos grandes pilares do Rota 2030 é a modernização do setor, crucial para a recuperação da economia brasileira no ano passado”, destacou o ministro do MDIC (Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços), Marcos Jorge de Lima.

 

Apesar de a MP (Medida Provisória) que trata do programa ter sido anunciada em 6 de julho, o Rota 2030 de fato não foi oficializado. Isso só deve acontecer após a transformação em legislação, que tem prazo de 120 dias. Porém, a preocupação de diversas fontes do setor é que, com as eleições presidenciais, em outubro, o prazo atrase ainda mais. Também circula a crítica ao governo pela falta de organização para pôr em prática a iniciativa.

 

Conforme reportagem publicada pelo Diário ontem, a expectativa é a de que a matéria comece a ser discutida no Congresso, por comissão mista, após a conversão de MP em decreto, o que era esperado para segunda-feira, mas ainda não ocorreu. Depois, serão analisadas 81 emendas e o texto seguirá para a Câmara dos Deputados, para o Senado e, por fim, para a sanção presidencial. Ou seja, apenas em dezembro deve ocorrer a oficialização.

 

“Agradecemos o presidente pela sensibilidade com o Rota e alertamos para que o governo nos ajude na transformação em lei. Isso porque é um período curto e eleitoral, então precisamos de ajuda nesta questão”, disse o presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Antonio Megale.

 

Otimista, o presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Júnior, destacou que o setor de distribuição de veículos tem 7.000 concessionárias no País, que empregam 400 mil pessoas e respondem por 5,2% do PIB (Produto Interno Bruto). “Passamos por período de crise, enfrentamos fechamentos. Mas conseguimos chegar até aqui. E agora aguardamos o Rota”. (Diário do Grande ABC/Yara Ferraz)