O Estado de S. Paulo
Apesar do aumento expressivo do faturamento real em junho (de 26,4% na comparação com o mês anterior), a indústria recuperou apenas uma parte das perdas causadas pela irresponsável e criminosa greve dos caminhoneiros de maio. O faturamento cresceu basicamente por causa do fim do represamento dos embarques provocado pela greve. Isso significa que, do resultado alcançado em junho, parte deveria ter ocorrido no mês anterior. Outros indicadores da atividade industrial mostram recuperação bem mais modesta ou até redução na comparação com o ano passado.
“Os resultados de junho são em parte positivos, mas trazem alguma preocupação”, observou a Confederação Nacional da Indústria na publicação Indicadores Industriais com dados de junho. A despeito do forte crescimento em junho, o faturamento da indústria no segundo trimestre foi 2,7% menor do que o dos primeiros três meses do ano.
O aumento das horas trabalhadas na produção e do nível de utilização da capacidade instalada em junho não foi suficiente para cobrir as perdas ocorridas em maio, de modo que os dois indicadores da atividade industrial ficaram abaixo do nível registrado em abril. O número de horas trabalhadas na produção, por exemplo, aumentou 1,3% em junho na comparação com o mês anterior, mas em maio registrara redução de 1,7%. Da mesma forma, o nível de utilização da capacidade instalada aumentou 0,8 ponto porcentual em junho, mas havia caído 2,2 pontos no mês anterior.
Já o emprego industrial recuou 0,2% em junho ante o mês anterior. É a segunda redução mensal consecutiva. Mesmo assim, no acumulado do primeiro semestre o emprego registra crescimento de 0,6% em relação à primeira metade de 2017. No entanto, na comparação entre 2018 e 2017, tanto a massa salarial paga como o rendimento médio do trabalhador da indústria registram queda de 0,6% e de 1,1%, respectivamente.
Na avaliação do gerente executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, “a recuperação da atividade industrial já era lenta e o quadro geral piorou no segundo trimestre”. Às incertezas do cenário internacional – marcado pela ameaça de guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, com reação por parte da União Europeia – somam-se as dúvidas sobre a política econômica do próximo governo. (O Estado de S. Paulo)