O Estado de S. Paulo
Indústria 4.0. Se você não conhece o termo, vai ouvir falar muito a respeito desse conceito, que reúne iniciativas para a implantação de tecnologias cujos resultados práticos para o consumidor, no caso do setor de veículos, serão a melhoria da qualidade, a redução do tempo de entrega e a maior possibilidade de personalização, entre outros avanços.
A meta é melhorar os processos e a produção em toda a cadeia. Isso inclui as montadoras e todos os seus fornecedores.
Como “não tem fim”, o processo vai crescendo e adicionando novas tecnologias conforme elas surjam. Com isso a qualidade dos carros vai melhorar.
Fiat-Chrysler (FCA) e Renault são empresas que já aplicam estratégias da Indústria 4.0. As duas adotaram, por exemplo, o uso de realidade virtual no desenvolvimento de produtos.
Segundo o diretor de Tecnologia da Informação da RenaultNissan, Angelo Fígaro, a tecnologia reduz o ciclo de desenvolvimento. Com ela é possível detectar possíveis falhas ou erros de projeto antes do estágio de construção de moldes e protótipos.
Fígaro afirma que, a partir de um conceito mais completo de Indústria 4.0, será possível produzir carros mais personalizados para cada cliente. Algo bem diferente do que ocorre hoje, em que o foco é na escala e em pacotes que atendam a maioria.
Com a utilização em larga escala de impressoras 3D, por exemplo, dá para desenvolver peças conforme o gosto de clientes específicos sem que para isso seja preciso esperar por fornecedores. Ford e Mercedes-Benz já lançam mão dessa solução no desenvolvimento de peças.
Na FCA, a ideia é utilizar a impressora 3D também para fazer componentes de reposição de suas máquinas. Isso deverá reduzir o tempo de parada da linha e, com isso, atrasos na produção.
A adoção de exoesqueletos, uma espécie de suporte para coluna e pernas, os membros mais exigidos de quem trabalha na linha de montagem, permitiu melhorar a montagem e o acabamento de veículos. Como o trabalhador precisa de menos esforço para abaixar e mudar de posição, ficou mais focado nos processos de montagem e inspeção.
Em parceria com a PUC-Minas, a FCA criou o SIM Center. Esse centro de simulação permite, por exemplo, que os testes de calibração de suspensão sejam feitos antes de haver um protótipo físico, o que reduz custos e tempo de desenvolvimento.
A Renault reduziu o tempo de trânsito de seus carros, da saída da linha de montagem à chegada na concessionária, em cerca de um dia. O resultado é graças à utilização de um tag de radiofrequência, que indica exatamente onde veículo está parado.
Se por um lado a Indústria 4.0 promete reduzir o tempo de desenvolvimento, produção e entrega, por outro nada garante que o consumidor irá pagar menos a partir de agora. “A luta é para manter o preço competitivo”, afirma Fígaro. (O Estado de S. Paulo/José Antonio Leme)