Câmbio automático estará em 60% dos carros até 2020

O Estado de S. Paulo

 

Até pouco tempo restrito a modelos de luxo, o câmbio automático começa a equipar boa parte dos carros compactos mais simples. No ano passado, 40% dos automóveis novos vendidos no País tinham o equipamento. A projeção das montadoras é de que chegará a 60% em dois anos.

 

Atentos a essa nova preferência do consumidor brasileiro, as fabricantes estão ampliando a oferta do equipamento que dispensa a troca de marcha e elimina o pedal da embreagem.

 

No início da semana, a Ford colocou à venda o Ka hatch SE com câmbio automático. Nesta quinta-feira, 26, foi a vez da Volkswagen lançar o Gol nessa configuração e também o sedã Voyage.

 

“A transmissão automática, antes somente encontrada nos carros premium, agora é um item desejado pela maioria dos consumidores, e migrou também para os carros mais acessíveis”, diz o presidente da Volkswagen América do Sul e Brasil, Pablo Di Si.

 

O Gol incorporou o equipamento na versão 1.6 e começa a ser vendido nos próximos dias por R$ 54.580. Com motor da mesma potência, o Hyundai HB20 custa R$ 58.950 e está disponível desde 2012. O Ka 1.5 custa R$ 56.490 e o Toyota Etios 1.3, à venda desde 2016, R$ 53.440.

 

O mais vendido é o Chevrolet Onix, que ganhou câmbio automático de seis marchas em 2013 e vendeu, no ano passado, 32 mil unidades, ou 17% de toda a linha. O Onix também é campeão nacional de vendas, com 188 mil unidades em 2017. A versão 1.4 custa R$ 60 mil, mas, no início do ano, a General Motors lançou uma mais em conta, com menos itens, a R$ 55.290.

 

Embora não sejam considerados concorrentes diretos do Gol, os modelos de pequeno porte Nissan March, Citroën C3, Peugeot 208 e Ford Fiesta também têm opções automáticas.

 

Antes, o câmbio automático equipava carros na faixa de preço acima de R$ 70 mil. “Depois da direção elétrica e do ar-condicionado se tornarem comuns entre os carros de entrada, o brasileiro agora sonha com o conforto da transmissão automática”, justifica o diretor de marketing da GM, Hermann Mahnke.

 

Outro segmento que cresce no Brasil e que tem atraído as montadoras para o lançamento de carros com transmissão automática é o de vendas para pessoas com deficiência física. No ano passado, foram vendidos mais de 100 mil veículos para esse público. O consumidor tem direito a isenção de vários impostos que reduzem em 20% a 30% o preço oficial do carro, que não pode passar de R$ 70 mil.

 

Liderança

 

Na disputa com a GM pela liderança do mercado de automóveis e comerciais leves, a Volkswagen, hoje em segundo lugar, fez dez lançamentos desde outubro, entre carros inéditos, como Polo e Virtus, e novas versões, casos do Gol e do Voyage, que custa R$ 59.990, ambos produzidos na fábrica de Taubaté (SP).

 

“Ainda teremos mais dez novidades até 2020”, lembra Di Si. Uma delas será o T-Cross, primeiro utilitário da marca a ser feito no País, na filial de São José dos Pinhais (PR), no primeiro trimestre de 2019. A marca também vai importar um carro híbrido para testar o mercado.

 

A GM anunciou 20 lançamentos até 2022, também com a inclusão de SUVs nacionais. A marca detém 17% de participação no mercado, ante 18% em 2017. Já a Volkswagen passou de uma fatia de 12,5% para 15% “e vamos ganhar mais 1,5% nos próximos meses”, aposta Di Si. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)