Brasil aposta em mercado do Paraguai para expandir indústria automotiva

24 Horas News

 

A indústria automotiva brasileira realiza uma forte aposta no Paraguai, país onde pretende colocar unidades novas por um custo abaixo dos US$ 10 mil (R$ 39 mil), o que ajudaria a reduzir o peso dos carros usados importados por meio de vários tipos de leilão online do Japão e da Coreia do Sul.

 

Os modelos que serão enviados ao país vizinho incluem o Kwid, da Renault, o Mobi, da Fiat, o Ka, da Ford, e o Onix, da Chevrolet, e devem contar com todos os benefícios da garantia de cinco anos dada no Brasil. Em dezembro, o Banco Nacional de Paraguay anunciou um programa em que oferece 60 meses de crédito para pagar um veículo novo sem nenhuma taxa de juros. A expectativa é que, até o final de 2018, até 10 mil automóveis novos sejam vendidos.

 

O diretor do Centro Empresarial Brasil-Paraguai, Wagner Weber, que ajudou nas tratativas entre os dois governos, acredita que o acordo vai ampliar a liderança das fabricantes brasileiras já possuem na região, desbancando as sul-coreanas e japonesas. Entre janeiro e outubro do ano passado, as exportações de veículos feitos no Brasil em direção ao Paraguai – incluindo VUCs, caminhões e ônibus – cresceram 236% em relação ao mesmo período de 2016, segundo a entidade.

 

Segundo o governo paraguaio, o mercado do país consome cerca de 80 mil automóveis por ano – 60% deles são importados do Japão e da Coreia e chegam já usados por antigos donos desses países. O negócio, porém, gerou um debate jurídico no país: enquanto a Suprema Corte paraguaia permitiu a compra desses veículos – que viajam de navio por meses até o Chile, de onde são entregues aos compradores no Paraguai –, o governo quer acabar com as vendas para renovar a frota.

 

Uma das políticas implantadas para encerrar os trâmites com os asiáticos é promover a venda de carros 0km com os mesmos preços dos praticados pelas revendedoras japonesas e sul-coreanas. O mesmo ocorreu alguns anos atrás na Bolívia e no Peru, onde a frota segue praticamente toda feita de carros de segunda mão da ilha nipônica.

 

Para Weber, o acordo entre Brasil e Paraguai é vantajoso dando para os consumidores do país vizinho quanto para as fabricantes brasileiras: enquanto os primeiros terão parcelas de cerca de R$ 460 por mês por veículos com uma longa garantia, a indústria vai receber uma nova demanda. Ele revelou que o próximo objetivo é assinar outro acordo – semelhante ao que o Brasil possui com o México e com a Argentina – em que as fabricantes brasileiras terceirizaram a produção de peças no Paraguai.

 

“Existe uma indústria metalúrgica bastante interessante no Paraguai que consome 500 mil toneladas de aço por ano e 400 mil de alumínio, mas não temos selos para peças pequenas. Com esse acordo e a possível instalação de uma montadora no nosso país, se poderá atrair cada vez mais empresas do setor de peças”, disse ele ao ABC Color.

 

A frota paraguaia hoje possui dois milhões de carros e outras duas milhões de motocicletas. O último censo do governo revelou que quase 70% das casas possuem veículos próprios, índice que está acima de muitas regiões da América do Sul. Até 2015, a maior parte da importação de veículos do Paraguai era oriunda da Coreia do Sul, da China e, em seguida, do Brasil, No ano seguinte, porém, as fabricantes brasileiras tomaram a dianteira. (24 Horas News)