O Estado de S. Paulo
A Volkswagen do Brasil espera aumentar sua produção em 12% neste ano, apesar da desaceleração do crescimento das vendas internas como um todo e da queda das exportações para a Argentina, principal comprador de carros brasileiros.
Ainda assim, a montadora pretende dar férias coletivas de 30 dias a um grupo de trabalhadores da fábrica Anchieta, no ABC Paulista, em meados de agosto.
“Devemos parar para manutenção e ajustes na linha de produção”, diz o presidente da empresa, Pablo Di Si.
Segundo ele, eventuais paradas não estão relacionadas à queda de vendas ou de exportações. “Nossas vendas estão crescendo o dobro do mercado e ganhamos 2 pontos porcentuais em participação”.
Na quinta-feira, 19, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC divulgou nota corrigindo informação do dia anterior de que o motivo das férias seria a redução de vendas internas e externas. Segundo a entidade, o período de férias está em negociação.
“Ações como esta estão dentro da normalidade e servem para que empresas e trabalhadores possam equilibrar eventuais oscilações de mercado”, diz a nota.
No ano passado a Volkswagen produziu 408,3 mil automóveis e comerciais leves em suas três fábricas de veículos no País. O volume já tinha sido 25,7% superior ao de 2016, quando teve seu pior desempenho em 25 anos, com 324,9 mil unidades produzidas.
Vendas
As vendas da marca, de 166,4 mil unidades no primeiro semestre, são 33% superiores as de igual intervalo de 2017. O mercado total de automóveis e comerciais leves cresceu 13,7% no período, para 1,129 milhão de unidades. A marca detém 14,8% de participação no mercado e tenta ultrapassar a líder General Motores, hoje com 16,9%.
Na fábrica do ABC são feitos os modelos Polo – quarto automóvel mais vendido no País no primeiro semestre – e Virtus, líder entre os sedãs compactos. “A unidade opera em três turnos e falta produtos no mercado”, afirma Di Si. Segundo ele, se ocorrerem flutuações no mercado serão promovidos ajustes de produção, “mas não enxergo isso no momento”.
Na quinta-feira serão apresentados os modelos Gol e Voyage com transmissão automática, produzidos na filial de Taubaté (SP). Com as duas novidades, a empresa contabilizará dez lançamentos dos 20 previstos até 2020 como parte do investimento de R$ 7 bilhões para o período de 2016 a 2020.
O mais esperado pelo mercado é o T-Cross, pequeno utilitário previsto para 2019 e que colocará a marca na disputa por esse segmento, o que mais cresce em vendas no País. A fábrica de São José dos Pinhais (PR), onde o SUV será feito, está com a produção parada para adaptações na linha de montagem.
Revisão
No início do mês, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) reviu as projeções de produção do setor para o ano. Inicialmente, a entidade esperava alta de 13,2% ante 2017, mas agora projeta 11,9%, para 3,02 milhões de unidades.
As exportações, antes estimada em 800 mil unidades, foram revistas para 766 mil, em razão do cancelamento de pedidos da Argentina. Já o volume previsto para as vendas internas foi mantido em 2,5 milhões de unidades (11,7% a mais que em 2017), embora a intenção da Anfavea, antes da greve dos caminhoneiros, em maio, era de rever essa previsão para cima. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)