O Estado de S. Paulo
Tornar o carro nacional mais competitivo no exterior e assegurar que a indústria automobilística mantenha sua força no Brasil, bem como os investimentos já anunciados. É assim que o setor avalia o Rota 2030, programa aprovado pelo governo federal, como medida provisória, e publicado no Diário Oficial no último dia 5.
O decreto com os detalhes do programa, que cobrirá um período de 15 anos (até o fim de 2032), deverá ser publicado no início de agosto – 30 dias após a publicação da MP. Só então as novas regras passarão a valer.
Para virar lei, o programa tem de passar pelo Congresso. Isso deve ocorrer no dia 16 de novembro, segundo o presidente da Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Antonio Megale.
Se o decreto for publicado com as regras conhecidas até agora pela Anfavea, representará um grande salto para o carro brasileiro, especialmente em termos de segurança, redução do consumo de combustível e, consequentemente, dos índices de poluição. “Os veículos vão avançar bastante”, diz Megale. “As fabricantes terão de cumprir novas regras de eficiência energética e segurança”, explica. “Caso contrário, pagarão multa.”
Consumo
O Rota 2030 será dividido em cinco ciclos: o primeiro vai até 2023. Até lá, as montadoras deverão melhorar em 11% a eficiência energética (medida em MJ/km) de seus carros, segundo a Anfavea. Depois, serão definidos novos patamares.
Esse quesito está diretamente relacionado ao consumo de combustível. A média será aferida por empresa. Um carro com consumo acima do padrão poderá ter o mau resultado compensado por outro, mais eficiente, da mesma montadora.
Para o presidente da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), Edson Orikassa, para reduzir o consumo de combustível será preciso adotar tecnologias mais modernas em um número maior de veículos. “Haverá mais elétricos e híbridos para compensar os menos eficientes”, opina. O Rota 2030, inclusive, concedeu redução de IPI aos modelos “verdes”.
Os elétricos Chevrolet Bolt e Nissan Leaf, por exemplo, já estão confirmados para o País. A Toyota prepara um Prius híbrido cujo motor a combustão é movido a etanol.
Orissaka diz que serão adotados, em maior escala, soluções como motores com turbo (mais eficientes que os aspirados) e injeção direta de combustível, além de câmbio CVT, que prioriza a economia de combustível.
Megale diz que o compromisso de diminuir o consumo obriga as marcas a investir em novas tecnologias até na construção dos carros, algo observado no Inovar-Auto, regime anterior encerrado no fim de 2017. “É o caso de aços de melhor qualidade, para reduzir peso, e evolução na aerodinâmica”. (O Estado de S. Paulo/Rafaela Borges e Tiago Queiroz)