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Mesmo com um crescimento importante das vendas no primeiro semestre, a Mercedes-Benz ainda enfrenta desafios na fábrica de Iracemápolis (SP) para a produção de veículos de luxo. A planta opera em apenas um turno, sem previsão de abrir o segundo.
Conforme o gerente sênior de vendas da Mercedes, Dirlei Dias, a fábrica opera em um turno com 860 funcionários, dos quais 430 são da própria companhia, enquanto os demais são de terceiros. “Iracemápolis tem a possibilidade de produzir 20 mil veículos em dois turnos. Trabalhamos atualmente em apenas um e podemos avançar, mas não temos previsão para aumentar os volumes de produção”, afirma.
O executivo relata que os números da montadora estão muito positivos, visto que os emplacamentos cresceram 9% no primeiro semestre deste ano sobre o mesmo intervalo de 2017, para 6,03 mil automóveis. Diante desse desempenho, o market share da Mercedes alcançou 38,8% no segmento premium, acima da meta da empresa, que é permanecer com mais de 38% de participação no mercado de luxo.
No entanto, em comparação com o melhor ano da empresa no Brasil, que foi 2015, o resultado ainda é preocupante. Naquele ano, a Mercedes registrou 17,5 mil unidades emplacadas, um crescimento de 47% em relação a 2014. “Neste ano, devemos atingir vendas em torno de 13,6 mil unidades”, destaca.
Para o executivo, no segundo semestre o segmento premium como um todo terá um desempenho melhor, como historicamente vem acontecendo. “Invariavelmente, a segunda metade do ano concentra 65% das vendas de carros de luxo. Sem contar que teremos o Salão do Automóvel em novembro, o que sempre atrai muitas vendas”, aponta.
De acordo com Dias, em torno de 52% dos clientes da Mercedes ainda compram o carro da marca à vista, mas dos 48% que financiam, a maioria utiliza a linha de Crédito Direto ao Consumidor (CDC), com pagamento de 20% de entrada e juros de 0,79% ao mês em 24 parcelas. Outras formas de pagamento incluem o CDC com 60% de entrada e juro zero para os automóveis da classe C em 18 parcelas; e o plano flexibility, que envolve 20% de entrada com parcelas de R$ 3 mil e taxa de mercado oscilando em torno de 1,2% ao mês. Este último tem como diferencial a garantia de recompra do carro nas redes da Mercedes por 50% do valor.
O executivo informou ainda que a Mercedes trabalha para capturar um consumidor mais jovem. “O perfil do cliente dos carros premium mudou. As classes A e GLA atraem muito mais os jovens, então estamos buscando esses consumidores porque esta é a nossa chance de fidelizá-lo. Se o cliente coloca as mãos em um Mercedes, ele não vai querer mudar depois. Podemos acompanhá-lo por toda a sua vida”, garante.
Para atrair esse perfil, a marca investiu em publicidade com artistas da nova geração, como a rapper e influencer digital Karol Conka, em 2017.
Rota 2030
Com relação à nova política industrial do setor automotivo, muito aguardada desde que o Inovar-Auto acabou em dezembro do ano passado, Dias avalia que deve haver um aumento dos investimentos das montadoras em conectividade, segurança e eficiência energética. “Todas essas novas exigências são boas para a Mercedes, visto que nossos carros já as cumpriam na maioria das vezes”, avalia.
No entendimento do executivo, como o programa do governo federal prevê redução do imposto de importação para peças sem similar nacional – condicionada ao investimento local da montadora em eficiência energética –, a eletrificação deve ter um avanço importante no País.
Dirlei Dias adiantou ainda que a Mercedes, já no âmbito do incentivo à pesquisa e desenvolvimento previsto no Rota 2030, trará no segundo semestre do ano um hatch classe A com a inteligência artificial MBUX, que contém comandos de voz para ajudar o usuário na navegação e em controles como temperatura do carro e ajuste da posição do banco. As preferências do motorista são posteriormente salvas pelo sistema, para garantir o conforto na próxima viagem. (DCI)