O Estado de S. Paulo
Após a queda registrada em maio, em razão da greve dos caminhoneiros, o mercado de carros novos não reagiu em junho e praticamente repetiu os resultados do mês anterior, com 202 mil unidades vendidas, incluindo caminhões e ônibus. Em maio, foram 201,9 mil unidades.
Em relação a junho do ano passado houve alta de 3,6% nas vendas. Já as vendas de janeiro a junho em relação a igual período de 2017 tiveram o menor porcentual de crescimento no ano, de 14,5%, com 1,16 milhão de veículos. Em maio, a alta acumulada estava em 17% e, em abril, em 21%. Ainda assim, foi o melhor primeiro semestre desde 2015.
Para executivos do setor, à queda no nível de confiança dos consumidores – que se intensificou após a greve –, somou-se a maior volatilidade do câmbio, novas baixas para o crescimento do PIB e a manutenção de incertezas com o quadro eleitoral.
Sérgio Habib, presidente do Grupo SHC, dono revendas e importador da marca JAC Motors, concorda que a fraca performance de junho teve diversas causas, sendo a principal delas a queda de confiança do consumidor. “Houve vários motivos para isso: consequências da própria greve, alta do dólar, queda da Bolsa e indefinição do processo eleitoral”, avalia ele, lembrando ainda que mês de Copa também atrapalha o mercado.
Habib aposta em aumento de 8% nas vendas de automóveis e comerciais leves este ano ante 2017, enquanto a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) projeta 11,3% para esse segmento e 11,7% para o mercado total. A entidade esperava rever essa projeção para cima neste mês, mas executivos do setor acham que seria melhor esperar.
Reajustes
“Perdemos o Reintegra (programa de incentivo à exportação) e o câmbio está nos matando, pois é um custo direto e o mercado não está disposto a aceitar repasse integral aos preços”, diz um executivo. Nos últimos dias ocorreram anúncios de reajustes em alguns modelos, mas não de toda a linha.
Outra preocupação é com o aumento de vendas diretas (feitas pelas montadoras para frotistas e locadoras, com elevados descontos). A participação desse tipo de negócio pode ter sido recorde no mês, acima de 42%. Pelo menos para três marcas as vendas diretas responderam por mais de 60% dos negócios.
Em junho, a GM respondeu por 16% das vendas de automóveis, seguida por Volkswagen (14,3%), Fiat (13,6%), Renault (9,8%) e Ford (9,2%). (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)