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A BMW não está acreditando que a condução autônoma irá obter sucesso no mundo atual. A montadora alemã está em uma encruzilhada diante da possibilidade de oferecer um sistema que torna o motorista um passageiro ou manter-se numa realidade ainda ordenada pelo motorista, oferecendo assim o melhor de si para que o cliente mantenha o controle sobre sua máquina.
A questão é um dos três pilares da condução autônoma para o mundo atual, que é a tecnologia, a legislação e, por último, o ser humano. Com investimentos bilionários, os fabricantes de veículos e empresas de tecnologia mergulharam de cabeça na ideia de um mundo onde os carros assumirão o controle de si mesmos, ficando o homem como opção para ser levado de um ponto a outro.
No primeiro pilar, a tecnologia começou a fluir e com ajuda da Tesla, estimulou outros a acompanhar os avanços na condução autônoma e simplesmente alterou toda a estratégia de produto para que a direção independente do homem esteja em primeiro lugar antes do desejo expresso do cliente. Tem até gigante do setor automotivo que anunciou a mudança de sua atividade-fim de venda ao consumidor para serviços de compartilhamento e mobilidade.
Assim, o negócio da condução autônoma tomou proporções onde algumas empresas alegam que suas tecnologias atingiram a perfeição, restando agora esperar pela legislação. Mas será que todos os sistemas estão prontos para ativação? Eventos recentes mostram que não, o que levou uma enorme questão sobre a segurança dos carros que andam sozinhos. Para a BMW, a tecnologia ainda precisa de aprimoramento, precisa de “perfeição”.
Então, para se chegar a isso, é necessário muito tempo, mas isto parece que não existe mais no setor automotivo. O motivo é que simplesmente as marcas decidiram que 2020 será a “Odisseia no Espaço”. Mas, esse “espaço” (entre o volante e o banco) precisa de algo legal para se solidificar e é aí que os tais eventos recentes apontam para um caminho nada agradável para quem está torrando bilhões na automação: a legislação.
Na verdade, ela até está colaborando com a indústria ao autorizar a circulação dos protótipos em testes e também dos legisladores estarem trabalhando em regras (de conduta) para o setor. A grande questão anteriormente era se a tecnologia fluiria de forma a fazer o carro andar sozinho. Até agora, ela está fazendo isso, mas ainda não está madura. Já nos termos de lei, nem é a autorização de circulação, mas um detalhe crucial: de quem é a culpa?
Sim, em caso de um acidente, quem será o responsável: Fabricante? Cliente (dono ou usuário)? Governo? É aí que a BMW diz que o barco pode fazer água. As autoridades estão percebendo que é complexa a coisa relativa ao carro autônomo. Mas, ainda mais complicado é algo relativo à conduta do carro-robô. Quem ele deve proteger primeiro, diante de um acidente? É isso que deve estar mexendo com a cabeça dos engenheiros. Se não estiver, é melhor começar.
O carro autônomo terá poder de decisão e isso é complicado, quando uma situação eventualmente expor tanto passageiros quanto pedestres, será ele quem tomará a atitude. Protejo mais ocupantes em detrimento dos demais? Protejo os demais em detrimento dos ocupantes?
Para a BMW, os governos acabarão por dar um limite à condução autônoma, exatamente porque será difícil permitir que uma máquina decida quem vive e quem morre. Parece que as leis da Robótica de Issac Asimov nunca estiveram tão atuais quanto agora. No terceiro pilar, o ser humano terá que decidir se confia ou não nessa tecnologia. Muitos confiaram, mas alguns morreram por causa disso. E agora? (Notícias Automotivas/TTAC/Ricardo de Oliveira)