Com greve, produção de carros deve cair 20% e atrasar recuperação

O Estado de S. Paulo

 

A greve dos caminhoneiros, que levou a indústria automobilística a suspender atividades em quase todas as fábricas do País por falta de peças, vai interromper uma sequência de 18 meses de crescimento da produção. A previsão é de uma queda na casa dos 20% em relação a maio do ano passado, a primeira desde outubro de 2016.

 

Projeções com base na média diária da produção de abril, de 12,6 mil unidades, indicam que cerca de 75 mil veículos deixaram de ser produzidos nos seis dias em que a maioria das fábricas fechou as portas. Grandes marcas como Volkswagen, Ford e GM pararam por mais tempo.

 

Em maio de 2017 foram produzidos 250,7 mil veículos. No mês passado, com a greve, o volume deve ter ficado abaixo de 200 mil. As fábricas da Fiat em Betim (MG) e da Jeep em Goiana (PE) retomaram atividades na quinta-feira. A Ford voltou a produzir ontem apenas na filial da Bahia. As demais voltarão ao trabalho a partir de segunda-feira, “de maneira gradual”, disse a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

 

Em abril, a produção foi de 266,1 mil veículos, portanto, a queda de um mês para outro deve superar os 20%. A Anfavea só vai divulgar dados na quarta-feira e se preparava para rever, para cima, as projeções para o ano.

 

Segundo projeções de executivos do setor, serão necessários pelo menos dois meses para recuperar a produção perdida. Já para as vendas, que caíram 7% ante abril, pode levar três meses ou mais.

 

“Pela dificuldade de retomada em razão do impacto fatal na confiança que a greve gerou, é possível que leve algum tempo para as vendas voltarem ao normal”, disse o economista-chefe da consultoria MB Associados, Sérgio Vale. Ele não descarta projeções menores de vendas e produção para o ano, “como, aliás, veremos em toda a economia”. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)