Greve afetou 70% das montadoras de veículos

O Estado de S. Paulo

 

Como efeito da greve dos caminhoneiros, até ontem mais de 70% das fábricas de automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus e motores do País tinham interrompido sua produção. Sem peças, que ficaram paradas nos bloqueios das estradas, as empresas não tiveram como manter suas atividades e foram obrigadas a dispensar os funcionários.

 

O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Antonio Megale, disse que “a greve dos caminhoneiros afetará significativamente nossos resultados para as vendas, para a fabricação e exportação”.

 

Ele acrescentou que “a indústria automobilística gera de impostos mais de R$ 250 milhões por dia e, por isso, essa paralisação terá forte impacto na arrecadação”. A entidade não informou quantos veículos deixarão de ser produzidos. Mantendo a média de abril seriam 12,6 mil por dia. Várias fábricas começaram a parar atividades na terça-feira. Entre as que já estavam com produção suspensa, estão General Motors, Volkswagen, Ford, Fiat, Honda, Toyota, Renault, Nissan, Caoa/Hyundai, PSA, Chery, MAN, Scania e Volvo.

 

Carne

 

O abastecimento de carne de frango e de porco também estava ameaçado. Pelo menos 120 dos 180 frigoríficos do País estavam parados até ontem. Ao todo, 175 mil trabalhadores foram dispensados e o prejuízo estimado só com as exportações chega a US$ 100 milhões, disse a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

 

Até ontem, a Cooperativa Central Aurora Alimentos ameaçava parar as atividades das indústrias de processamento de aves e suínos em Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. A BRF suspendeu operações de quatro unidades e nove frigoríficos. Pelo menos 1 milhão de frangos e porcos estão ameaçados pela fome, alerta a World Animal Protection (WAP) por falta de suprimentos. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva e Roberta Jansen)